Corpo do artigo
O nome está no topo da página, mas, neste caso, impõe-se a repetição. Chamo-me Arnaldo, tenho 43 anos e, desculpem, não fui ver os Coldplay. A apresentação, com uma música de fundo, teria mais impacto, mas no papel é o que se arranja. Faço um apelo à vossa imaginação. Estou numa semana grande de trabalho, de super clássico, e não havia nenhuma folga ou almofada (se é que me entendem) para dispensar durante um dia inteiro. Ultrapassados esses constrangimentos, a verdade é que também não teria paciência para estar eternas horas ao sol, numa fila longa, à espera que abrissem as portas do Estádio de Coimbra. Mas isso é um problema meu e, naturalmente, cada um sabe de si e das prioridades que tem no dia-a-dia. Esta semana, pelo menos, percebi que o objetivo de meio mundo passou por publicar uma selfie nas redes sociais, em jeito de marcação de território como fazem os grandes predadores. Parece-me redutor, mas é o que temos e, se calhar, merecemos. Vale-nos o título de campeões mundiais das Comissões de Inquérito. Se for pela noite dentro, melhor ainda.
Voltando ao momento cultural do ano, parece-me que (alguns) jogadores do Sporting se meteram a jeito. Apesar da folga cirúrgica a meio da semana, o que fez com que não quebrassem o regulamento interno, o foco deveria estar totalmente direcionado para o dérbi e não para um concerto a poucos dias de um Sporting-Benfica. Afinal, o que é que o Sporting ganhou esta época? Zero. Caso a equipa de Ruben Amorim tropece, os sócios do Sporting vão bater palmas à festa do rival Benfica em pleno Estádio de Alvalade? Pois, também me parece que não. Esta é a pressão acrescida que os jogadores de Ruben Amorim vão ter nas pernas. E não, os profissionais de futebol, sobretudo dos grandes, não são pessoas como outras quaisquer. São uns privilegiados, por vários motivos, e por isso deviam fazer mais sacrifícios. Nem que fosse apenas para ficar bem na fotografia.
*Editor-adjunto