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As contas para medir o bem-estar das populações são feitas com camadas sucessivas de indicadores. Alguns são objetivos e rigorosos na sua leitura matemática da realidade. Outros traduzem perceções e sentimentos captados pelos estudos do Instituto Nacional de Estatística (INE). Em 2023, o índice de bem-estar dos portugueses aproximou-se dos níveis pré-pandemia e a segurança pessoal foi o elemento que mais contribuiu para esta subida.
Como é calculado o índice de segurança pessoal? A taxa de criminalidade e a taxa de homicídios entram na equação, que leva também em linha de conta a confiança nas forças policiais e a proporção de pessoas que se sentem seguras ao caminharem sozinhas nas ruas após o escurecer. O nível de confiança na Polícia sobe ininterruptamente há mais de uma década. Já a segurança sentida nas ruas teve uma quebra em 2018 e 2019, mas desde então voltou a subidas constantes.
Olhando detalhadamente para estes dados, não resta nenhuma dúvida de que Portugal não só é um país seguro, como realmente os portugueses se sentem seguros. E é na informação objetiva, credível e comparável, ano após ano, que deve suportar-se o discurso e a ação política. A tentativa de agitar fantasmas e trazer para a praça pública, a todo o momento, o tema da insegurança não tem ponta por onde se pegue.
Claro que as realidades são dinâmicas e novos riscos exigem monitorização permanente. Mas não pode haver cedências a discursos populistas e a agendas que tentam colar o tema da criminalidade ao da imigração. A política vive da construção de narrativas. Se, contudo, abundam evidências que as desconstroem, só cai quem quer acreditar em histórias da carochinha.