Setor têxtil já espreita o futuro sustentável
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O Projeto Be@t de Bioeconomia no Têxtil e Vestuário, contemplado nas agendas mobilizadoras do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), já começou a antecipar o futuro sustentável para este e outros setores. Algumas das soluções em desenvolvimento para aplicação prática na indústria foram apresentadas no iTechStyle Summit, organizado pelo CITEVE.
O evento reuniu dezenas de participantes da indústria e do mundo académico de vários países, em Matosinhos, com o objetivo de aprofundar ideias e perspetivas sobre tendências, estratégias, oportunidades e desafios do setor. E o Be@t destacou-se por conjugar sustentabilidade com fortalecimento económico, mostrando que está a transformar o setor têxtil.
Entre os exemplos ali apresentados, está o “passaporte digital de produto”, ferramenta revolucionária que usa códigos QR para fornecer informações detalhadas sobre a pegada ambiental dos produtos têxteis. Esta inovação, a tornar obrigatória na União Europeia até 2027, promove a transparência e capacita os consumidores para escolhas sustentáveis mais informadas.
O Be@t está também a inovar na reciclagem, encarando-a como oportunidade para desenvolver processos mecânicos e químicos mais ecológicos. A robótica e inteligência artificial são recursos que permitem melhorar os processos de separação e classificação de componentes dos têxteis, promovendo a circularidade.
Quanto a materiais, há avanços significativos em biotecnologia, como os processos de fermentação para obter ingredientes inovadores a partir de algodão reciclado e polpa de eucalipto. Os objetivos são reduzir custos e desperdícios e contribuir para a bioeconomia circular.
Outro exemplo é o “plástico verde” ou PHA (poli-hidroxiácido), produzido por microrganismos através da fermentação de resíduos alimentares, agrícolas e florestais. É um material mais sustentável e com viabilidade económica promissora.
O Be@t explora ainda a aplicação de materiais biocompósitos na indústria automóvel e revelou protótipos de peças têxteis “seamless” (sem costura) desenvolvidas com fibras celulósicas, em vez de sintéticas, para utilizar em vestuário desportivo, roupa interior, casual e para animais de companhia.
Com um investimento global de 138 milhões de euros, cofinanciados pelo PRR e pelos Fundos Europeus Next Generation EU, este projeto tem assim cada vez melhores perspetivas de efeitos multiplicadores na economia nacional.