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A pandemia da covid-19 foi um dos períodos mais desafiadores da nossa História recente, mas revelou também o lado luminoso da natureza humana: a solidariedade. Durante aquele período sombrio, vimos pessoas de todas as idades e origens unirem-se para ajudar o próximo, desde doações de alimentos até voluntariado para apoio aos mais vulneráveis. Esta mobilização em massa foi uma demonstração clara do desejo humano de contribuir para um bem maior.
Hoje enfrentamos um novo desafio igualmente importante: a necessidade de evitar o colapso do sistema de saúde, e de garantir que todos os portugueses sem exceção tenham acesso a cuidados de saúde dignos e seguros. A pandemia ensinou-nos que a saúde é um bem coletivo, e que a sua proteção depende de ações conjuntas.
O sistema de saúde português, como muitos outros por todo o Mundo, enfrenta pressões constantes devido ao aumento da população, ao envelhecimento e ao crescente custo das tecnologias médicas. Para lidar com esses desafios, precisamos de uma abordagem que combine responsabilidade social com investimento público, e inovação.
A solidariedade demonstrada durante a pandemia pode ser uma fonte de inspiração para as próximas etapas. Assim como nessa altura se manifestou uma vontade coletiva de proteção e solidariedade, agora precisamos de um compromisso semelhante para defender o nosso sistema de saúde. Isso significa apoiar políticas públicas que promovam o acesso universal aos cuidados de saúde, e incentivar a participação da sociedade civil para ajudar na resolução de problemas locais.
A inovação é também essencial. Durante a pandemia, a rápida adaptação a novas tecnologias, como a telemedicina, demonstrou que é possível inovar rapidamente para atender às necessidades emergentes. O uso dessas tecnologias, juntamente com a melhoria da eficiência nos hospitais e serviços, pode ser parte da solução para aliviar a pressão sobre o sistema de saúde. Para que tudo funcione de maneira justa e eficaz, todos devem desempenhar um papel ativo. Isso inclui não apenas os profissionais de saúde, mas também os cidadãos que devem cuidar da sua própria saúde e respeitar os recursos disponíveis.
Ao refletir sobre as lições aprendidas durante a pandemia, podemos encontrar inspiração para criar um sistema de saúde mais robusto e resiliente. A solidariedade, que foi tão visível durante a crise, pode ser a chave para um futuro em que todos tenham acesso a cuidados de saúde com dignidade e segurança.
O tempo agora é de unir e avançar.
Tal como José Ortega y Gasset disse, “o homem tem a sua circunstância”. É tempo de somar e não de acusar, assumindo-se que todos governaram dando o seu melhor, muito embora sujeitos à sua própria “circunstância”.
A “circunstância” atual, sendo diferente - porque não está refém de preconceitos ideológicos - abre novos e maiores horizontes, que permitirão aos atuais governantes refundar o sistema de saúde, indo ao encontro das verdadeiras necessidades das pessoas.