Não vi Pelé jogar, não tive essa sorte, e ainda nem estava aos pontapés na barriga da minha mãe quando o menino da Vila Belmiro, do Santos, se transformava no "Rei" do futebol brasileiro e mundial, iniciando a lenda, que depois fui ouvindo e vendo em imagens a preto e branco.
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Criei um Pelé na minha cabeça e, nos recreios da escola, como tantas outras crianças, também fui Pelé, a par do gigante Maradona. Pelé fez-me... feliz, mesmo sem o ver jogar ao vivo e a cores. Será sempre o "Rei" e o responsável pela magia do número 10, do craque da equipa, o comandante. Antes dele, o 10 era só um número. Ao carregar o dorsal e tornar-se no único jogador tricampeão do Mundo, o "Rei" criou um antes e depois no futebol.
Ouvi alguns jovens a comentar que a história e carreira do astro canarinha é "overrated", ou seja acima do que realmente vale, mas quem pode fazer uma avaliação dessas quando falamos de tempos completamente diferentes? Basta olhar para as bolas, os relvados e as botas pesadíssimas. Quanto valeria Pelé nos dias de hoje? Também não é isso que agora interessa, o que fica é o legado de um futebolista (e não só) fantástico, que marcou uma era. Obrigado, "Rei".
A despedida do craque deu-se perto do final de 2022. Um ano duríssimo, onde se assistiu ao início de uma guerra impensável e que ainda não se sabe quando e como terá um fim. Um ano que tem colocado muitas famílias à prova, que acabam este ciclo a ser massacradas com notícias sobre inflação, aumentos brutais no crédito habitação, e que, de repente, tomam conhecimento de indemnizações de 500 mil euros. Não domino o tema, como milhares de portugueses, mas sei que não está certo. E fico-me por aqui. Não sei o que nos reserva 2023, e ficava bonitinho acabar a crónica com um sinal de esperança. Mas, na verdade, parece-me que o pior ainda está para vir. Desculpem.
*Editor-adjunto