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Ser jornalista é, mesmo em tempos de turbulência e de desencanto como os que se vivem nos média portugueses, um privilégio e um motivo inesgotável de aprendizagem. O permanente contacto com diferentes fontes de informação, a constante inquietação com o que nos rodeia, a tentativa de escavar além da aparência e de procurar respostas para as perguntas que coletivamente importam: tudo nos abre janelas para o Mundo e para as pessoas. Por maioria de razão, ser diretor do “Jornal de Notícias”, um diário com 136 anos de uma história feita de gente, de proximidade e de país, é uma honra e um desafio.
O JN entra num novo ciclo, ainda que a transição de direção se faça em continuidade, sendo o Vítor Santos garantia de proteção dos valores que estão no ADN do jornal. O caminho será sempre o de estar perto das pessoas e das suas prioridades. É essa a alma do JN, a sua força e a sua identidade, marcada pelo facto de ser feito a partir do Porto, afastado dos centros de poder de um país assimétrico. Esse caminho faz-se independentemente das plataformas, sabendo que o futuro é digital e que as mudanças na forma como comunicamos são cada vez mais aceleradas.
São os tempos difíceis que nos definem e este é um momento particularmente definidor para os média, por vezes desorientados no labirinto da multiplicação de canais e com responsabilidade própria na perda de credibilidade junto do público, mas essenciais na defesa de informação verificada, credível e independente. A desinformação corrói as democracias. O rigor fortalece-as.
Embora com novas funções, vou continuar com os leitores. São eles uma das principais forças do JN, com as suas críticas e sugestões, por vezes recordando à redação que problemas invisíveis e pequenos na aparência mexem efetivamente na vida de quem nos rodeia. É para eles que um jornal existe. É por eles, pelo interesse público, que o jornalismo vale a pena.