Ah e tal, não sei quê, saúde mental para trás, saúde mental para a frente, o tema voltou à agenda do dia, depois de Simone Biles, uma espécie de CR7 da ginástica, ter fraquejado na decisão por equipas e abdicado de competir.
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Tudo bem, os atletas não são máquinas, são pessoas, mas quando chegam a determinados patamares, como os Jogos Olímpicos, são altamente profissionais e foram treinados para as diversas situações. Se não foram, algo correu mal. No fundo, o medo cénico, aquele friozinho na barriga que ataca os artistas na hora de subir ao palco, acontece a qualquer um.
No futebol, por exemplo, uma grande parte dos erros e dos golos acontece na parte final das partidas, porque muitos tremem. É normal, é humano, mas, lamento informar, nem todos se podem dar ao luxo de "desfrutar" dessas sensações. Porque a saúde mental é algo completamente desvalorizado e uma consulta num psicólogo ou psiquiatra não está ao alcance de qualquer um.
Em determinada altura das nossas vidas, todos temos dúvidas e pensamos em optar por outros caminhos, mas a solução é sempre seguir em frente, porque, na verdade, poucos têm o luxo ou capacidade de ter alternativas.
Se fosse fácil, a grande maioria virava as costas aos problemas e viajava, por exemplo, até à Sardenha para carregar baterias e tratar do corpo e da mente. E, se fossem uma férias pagas pelo genro, melhor ainda. Certamente daria um "boost" para aguentar mais uma das maratonas que um normal cidadão adulto tem pela frente para honrar os compromissos.
Sim, porque as medalhas não são só nos Jogos Olímpicos, onde a comitiva lusa tem sido criticada pela escassez de pódios. Uma realidade absolutamente normal, num país onde não existe desporto escolar e onde as crianças passam mais tempo nas salas de aulas, a ouvir as pombinhas da Catrina de há 500 anos, em vez de andarem nos ginásios a correr e a saltar.
Depois, querem medalhas. Só se for de cortiça.
*Editor-adjunto