Enquanto há um joguinho de bola e um clássico para entreter as massas parece que está tudo bem e a vida rola às mil maravilhas, mas, na verdade, é tudo uma ilusão.
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Escrevo esta crónica/reflexão ou o que lhe queiram chamar antes do grande (?) clássico da Luz, entre Benfica e F. C. Porto, e posso dizer que não estava à espera de um jogo emocionante e robusto, daqueles de prender a atenção do adepto até à última gota. Aliás, esperava uma coisa assim mais ao menos para o flácido, tal como a semana em termos de polémica nos órgãos de comunicação social. O futebol está chato. As antevisões estão chatas. Por isso, não admira que comecem a surgir alternativas como a Kings League, do "traidor" Gerard Piqué, como damos conta neste caderno. A coisa pode não estar a ser levada muito a sério, mas quando se juntam 90 mil pessoas em Camp Nou... cuidado, é melhor espreitar e perceber quais são as estratégias que podem cativar um novo mercado. Afinal, o Piqué não chora, fatura. Sem flacidez.
Alguns treinadores, tal como Sérgio Conceição deixou escapar, sentem-se condicionados pelo impacto das coisas que dizem. É tudo uma questão de interpretação, do copo meio cheio, meio vazio, e consoante a agenda de cada um, mas, no final, o produto futebol continua a ser pouco potenciado em Portugal. Esta semana, fui entrevistado por estudantes da Universidade do Minho e fiz-lhes ver isso, alertando-os para a necessidade de mudar o chip e despertar consciências. Valorizar o que é importante e esquecer o acessório. Que a nova geração seja capaz de mudar mentalidades, mas para isso precisa também de melhores condições. Em tudo na vida. O acesso ao crédito habitação, por exemplo, era um bom princípio. É, muito provavelmente, o tema que mais me irrita nos dias que correm. Nem um bom joguinho de bola me faz esquecer os ataques no direito à habitação. Desculpem a minha bílis. Deve ser da dieta.
*Editor-Adjunto