Começo por pedir perdão a Maria Ressa e Dmitry Muratov - por sinal meus camaradas - pela ignorância, mas até ontem nunca tinha ouvido falar deles. Dou-lhes os parabéns pelo Nobel da Paz, ou seja lá o que isso é, pois os critérios do prémio, que apela à fraternidade e assenta numa série de critérios fofinhos, são sempre discutíveis e, pelo menos a mim, metem medo.
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Se eu riscasse qualquer coisa a distinção ficava por cá e distribuía os 10 milhões de coroas suecas (um milhãozinho de euros) pelos pais portugueses. Redutor? Talvez, mas falo da realidade que conheço e vejo no prato e não pela que me querem dar, através dos écrans e redes sociais.
Feito o intróito, o objetivo é chegar aos dias de glória no desporto nacional. É medalhas olímpicas, é distinções nas mais diversas modalidades, títulos internacionais e agora até somos campeões do mundo de futsal. Tudo isso com um desporto escolar praticamente inexistente e onde sem o acompanhamento dos pais, que se desdobram em horários, seria impossível que os jovens atletas se tornassem nas estrelas de hoje e amanhã. Tudo isso sem as promessas bélicas, como as bazucas, mas sim com o esforço dos pais e, posteriormente, clubes e dirigentes. Mas a base, pela minha experiência, começa nos familiares e esses continuam sem prémios, pode ser o Nobel ou outro qualquer, e ainda têm de suportar mensalidades para que os filhos joguem à bola ou dancem ballet. Está justificado o título.
O protocolo talvez exigisse falar das eleições do Benfica ou de mais um treino da seleção nacional, frente ao todo poderoso Catar, mas pelo que ouvi hoje no autocarro já toda a gente sabe os resultados e senti mais preocupações com a greve da CP. Estas semanas sem as principais ligas em ação custam mais a passar, mas são um descanso para o Governo, que assim tem mais tempo para se inteirar da realidade do Cartão do Adepto. Como prometeu António Costa.
Editor-adjunto de Desporto