Incerteza é, porventura, uma das palavras que melhor se ajustam aos tempos que vivemos, nos mais diversos contextos da nossa sociedade. É certo que, no plano dominante da vida coletiva nos últimos meses - o combate à pandemia -, a paulatina retoma da normalidade ainda se sobrepõe aos receios de algum recrudescimento dos contágios, ou às incertezas em torno dos próximos passos no processo de vacinação.
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Em contraponto, agravaram-se os constrangimentos nas cadeias de abastecimento de diversos bens e serviços, criaram-se condições para a estabilização de um processo inflacionário que pode ter graves repercussões financeiras, deparamo-nos com uma crise energética que ameaça agentes económicos e a generalidade da população (como bem demonstra a evolução dos preços dos combustíveis).
Por cá, contamos ainda com as (surpreendentes) dificuldades de recrutamento de recursos humanos em diversos setores de atividade, a incerteza na aprovação do Orçamento de Estado - de que não resultará seguramente um melhor documento final -, e os riscos do eclodir de uma crise política.
Este conjunto de circunstâncias não recomenda, todavia, qualquer tibieza ou acomodação sempre que surjam oportunidades de corrigir o rumo e enveredar por melhores alternativas em direção a um futuro comum mais auspicioso.
É este o caso das próximas eleições internas do PSD, em que, ao contrário do que sucedeu nos dois atos eleitorais anteriores, optei por apoiar um dos candidatos à liderança.
Portugal precisa de um PSD forte, que se apresente como uma verdadeira alternativa, com propostas claras e prioridades definidas, que compatibilize uma dimensão estratégica transformadora e indutora de um desenvolvimento sustentável com o acompanhamento das preocupações e necessidades do dia a dia da generalidade dos cidadãos.
Um PSD que não deixe indiferente a significativa massa de eleitorado flutuante que procura um projeto com modernidade, arrojo e mundividência e que não limite as expectativas da sua base tradicional de apoiantes.
Um PSD uno e coeso, em que, ultrapassada a normal dialética democrática interna, não se desperdice recursos próprios e que seja capaz de agregar cada vez mais protagonistas junto de diferentes setores da sociedade civil.
Um PSD com um profundo compromisso com a coesão social e territorial, a valorizar a capilaridade e competência do poder regional e local e seus representantes, enquanto fontes de enriquecimento do trabalho político a desenvolver em prol do país.
O PSD que, acredito, a liderança de Paulo Rangel pode concretizar. Por Portugal.
Presidente da Câmara de Braga