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O futebol português é hoje um dos maiores exportadores de talento do Mundo, facto que desafia não só a nossa dimensão geográfica e os nossos limitados recursos, como exponencia e reforça o impacto económico e social do setor no nosso país. Lamentavelmente, a estrada continua a ter uma só via, obrigando os clubes portugueses a enfrentar desproporcionados custos de contexto que limitam significativamente a sua competitividade e os fazem medir forças em condições desiguais no panorama internacional.
Além de ser uma marca de água do nosso futebol, esta capacidade de gerar e desenvolver talento (aquele que nasce nas nossas academias e aquele que é captado no estrangeiro) é o modelo de negócio em que assenta a sustentabilidade financeira dos clubes do futebol profissional, num trabalho que, é justo reconhecer, começa muitas vezes na base, ao nível das associações distritais e regionais, cumprindo-se depois o percurso até ao topo da pirâmide, onde ganha visibilidade e valorização máximas.
Segundo o último “report” do Barómetro e Observatório da Liga Portugal, a Liga Betclic vai em 16 épocas consecutivas de balanços positivos, tendo lucrado 220 milhões de euros na última janela de verão, 759 milhões nas últimas cinco temporadas e mais de 2,3 mil milhões nos últimos dez anos! Uma verdadeira multinacional de talento e um fenómeno à escala mundial. Se é verdade que é de jogadores que falamos, indissociável é também o talento dos nossos treinadores, espalhados pelos quatro cantos do Mundo, nas melhores Ligas e equipas, dos nossos árbitros, chamados aos principais palcos internacionais, e dos nossos dirigentes, cada vez mais reconhecidos nos clubes e nas instâncias internacionais.
A pergunta impõe-se, por isso, que seja feita: considerando o atual clima de união que vive o futebol português, o seu impacto económico para o país, a sua inegável valorização internacional e esta constante multinacional de talento, como seria se fossem outros os custos de contexto?