Corpo do artigo
Gosto de subidas a pulso, daquelas que são feitas com cabeça, tronco e membros, consistência e meritocracia. Daquelas que é preciso percorrer vários caminhos, que nos formam e moldam, e obrigam perceber o valor das coisas. A Taça de Portugal, que se joga neste fim de semana, é uma excelente oportunidade para aqueles que clamam por esse momento, de mostrar qualidade e competência para chegar mais além, sem troca de favores ou empurrões, que, por vezes, dão palco a elementos construído de forma instantânea. Há tanto treinador e jogador que anda por aí que percebe do que falo... Leio nas notícias que os pobres estão mais pobres, mas, afinal, qual é a novidade? A tendência só se tem vindo a agravar nos últimos anos e acredito que não venha a desacelerar. Nas quatro linhas, também é assim. Os ricos estão mais fortes e os pobres mais fracos, o que torna os campeonatos mais previsíveis e desinteressantes. Resta a Taça de Portugal, que, para já, ainda continua a ser a festa do povo, onde o David pode bater o Golias, até certa eliminatória... Num fim de semana gordo da prova rainha, desejo, sinceramente, que aconteçam muitas surpresas e os pobres, por um dia, sejam os protagonistas. Não é por acaso que sempre gostei da história de Robin Hood.
Noutra realidade, em Alvalade, há uma nova novela para seguir, depois do anúncio da saída de Hugo Viana para o Manchester City, no final da temporada. O ainda diretor desportivo do Sporting mantém fora do campo as qualidades que mostrava lá dentro: cerebral, racional, glaciar, assertivo, capaz de produzir conteúdo sem dar muito espetáculo. Frederico Varandas e Ruben Amorim, naturalmente, podem, neste momento, desvalorizar o caso, mas a saída de Viana é um braço ou uma perna que o leão perde. Os jogadores serão sempre os principais artistas no campo, mas uma estrutura forte ajuda (e muito) qualquer um a ganhar. O Sporting vai sofrer um rombo. Ponto.