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É contranatura, porque sempre gostei de futebol e lembro-me de estar colado ao ecrã a assistir ao México 86 e ficar encantado com todo aquele ambiente, mas a notícia que Portugal vai acolher o Mundial 2030 (ou parte dele, vamos ver como páram as modas) só me causou um sentimento: irritação... profunda irritação. Peço desculpa a quem tenha ficado entusiasmado, mas foi esse o meu estado espírito quando a “bomba” ou “bombinha”, consoante a perspetiva, estourou. Não quero ser o profeta da desgraça e repisar temas antigos, mas com tantos problemas por resolver vamos virar-nos para um Mundial? Uma fuga para a frente? É o Mundial que vai resolver os excessos do crédito habitação, das rendas, das greves dos médicos, enfermeiros e professores? É o Mundial e o suposto super impacto económico que nos vai salvar de uma crise sem precedentes (ou com precedentes, sinceramente já nem sei). As prioridades estão, cada vez mais, trocadas e sinto-me estranho, confesso, porque como comecei por dizer no início desta crónica (se chegou até aqui pode considerar-se especial) eu adoro futebol e, em criança, acompanhei todos os Mundiais e fiz todas as cadernetas. Agora, que vem aí o Mundial no meu país, sei lá se terei condições para comprar um mísero bilhete que seja. Anda meio mundo com areia nos olhos e outra metade a assobiar para o lado, mas a realidade é dura e crua. O cenário que nos impingem é que vai ficar tudo bem...
O retrato é um pouco o ranking do futebol português, que está cada vez pior, depois das derrotas do Benfica, F. C. Porto e Sporting, salvando-se apenas o Braga. Não há surpresa, lá fora os grandes são pequenos e não beneficiam de penáltis que têm cá dentro. Simples.
No meio desta desgraça, vale-nos o casamento real. A crónica fica por aqui, pois tenho de consultar a lista de presentes que os noivos gostariam de receber e fazer uma transferência por MBWay. Felicidades ao casal.
*Editor-adjunto