Esta semana, ouvia as declarações da Comissão de Utentes do IP3 que acusavam o Governo de "desnorte". De facto, algo se passa com a bússola do Estado central. Há um "desnorte" e um "descentro" e a navegação não parece ter no IP3 um ponto cardeal.
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Quantos mais estudos precisam de ser feitos? Quantos mais acidentes precisam de acontecer para que o IP3 possa assumir-se, definitivamente, como uma prioridade no plano rodoviário nacional?
Se a complexidade da obra é um entrave, o arrastar da mesma será uma calamidade para os seis concelhos que esta estrada atravessa, e para todos os outros que são por ela servidos, deixando, mais uma vez, o Interior à margem.
O calendário prolonga-se e o tempo continua a contar. Vemos o Governo mudar planos e a "saltar" entre soluções, trimestres e semestres. Estará o Estado central a aguardar uma altura favorável para um anúncio que, mais uma vez, não trará certezas, mas sim "pensos rápidos"? Julgo que sim. E quando isso acontecer, será anunciada uma intervenção simples, deixando para canto as mais complexas, nomeadamente o troço entre Penacova e Santa Comba Dão, que carece de requalificação urgente.
Em pleno 2023, Viseu e Coimbra continuam sem autoestrada à vista. Lutamos há anos, por garantir uma ligação viária segura e munida de condições para os seus milhares de utilizadores diários. E não, não é só uma estrada: trata-se da afirmação da Região Centro e do seu desenvolvimento económico. Não há verba financeira? Façamo-nos ouvir em Bruxelas, como já apelei ao senhor ministro. Temos mais que argumentos suficientes para mostrar que esta obra é fulcral para o território.
Não podemos continuar à espera. Muito menos podemos ver o assunto ser deixado para segundo plano, enquanto assistimos ao Estado central a anunciar a construção de outras vias em perfil de autoestrada, como aconteceu em fevereiro passado, com o IC31, entre Castelo Branco e Monfortinho.
Meus senhores: todos queremos melhorar as acessibilidades, mas há que manter compromissos e estabelecer prioridades. Chega de reparações em troços, separadores de betão, avisos intermináveis. Queremos mais e melhor. Queremos uma ligação que dignifique o Interior, que seja uma força motriz na redução de assimetrias, que seja de todos e para todos.
* Presidente da Câmara Municipal de Viseu