Domingos de Andrade10 02710 027. O número foi repetido à exaustão em notícias e análises, mas vale a pena fixá-lo, repeti-lo, para que não nos deixemos anestesiar na rotina de uma pandemia que se arrasta sem fim à vista.
Domingos de AndradeEntrar ao pé coxinhoNão. Definitivamente os dias fechados, ensimesmados, ao mesmo tempo carregados de boa vontade e de amor ao próximo, só tenderam a tornar-nos mais associais. É uma generalização perigosa, como todas, mas que sublinha o que foram as intenções e o que são os atos.
Domingos de AndradeSem lugar à mesaEste é um Natal cheio de números. Da contabilidade dos afetos que se põem na mesa. E de como se partilham. Ou de como não se devem partilhar. E é frio viver consoadas assim, entre a crueza do afastamento afetivo e a urgência da proximidade.
Domingos de AndradeOs milhares que ficam para trásO calvário. É um caminho tortuoso sem alívio pelas palavras bem intencionadas. E, por mais que a intenção soe afinada, o tão repetido mantra de "não deixar ninguém para trás" esbarra na crueza da realidade. Mesmo que a mensagem política seja perfeita. Insistida cá pelo primeiro-ministro. Repetida na Europa por Ursula von der Leyen. A campanha de vacinação deve iniciar-se no mesmo dia em todos os estados-membros, "juntos e unidos" para começar a erradicar a pandemia. E, uma vez que estão asseguradas vacinas para todos, estaremos em condições de ajudar os nossos vizinhos e parceiros.
Domingos de AndradeA morte de Ihor HomenyukEstamos há vários meses a ler e a ouvir falar da morte de Ihor Homenyuk no aeroporto de Lisboa, a 12 de março, dois dias depois de ter tentado entrar no país. Mas nem todas as notícias juntas conseguem ainda traduzir as muitas respostas por dar neste caso.
Domingos de AndradeO desafio das vacinasMais do que um problema de saúde pública, um desafio político dentro e fora de portas.
Domingos de AndradeOs ganhos e as perdas do PCPHá dois momentos que colocam o PCP no centro da vida política do país e que determinarão, e muito, a capacidade de resistência eleitoral do partido.
Domingos de AndradeEsperança, cautela e incertezaA desunião social cava-se à medida da cadência do número dos infetados e da dor do luto. A começar na política e a acabar nas políticas.
Domingos de AndradeO homem sóQuando a política não responde aos anseios, angústias e necessidades dos povos, os povos procuram soluções no primeiro flautista de Hamelin que tiver a pauta certa.
Domingos de AndradeOs números e os velhosA cada algarismo corresponde um rosto, uma vida. São exatamente 42.439 os velhos identificados como vivendo sozinhos ou em situação de vulnerabilidade que ameaça a sua segurança.
Domingos de AndradeDefender o Natal e defender as criançasO país fecha em dezembro para salvar o Natal. Porque também é preciso salvar as escolas.
Domingos de AndradeNem dos vivos nem dos mortosPercebe-se cada vez melhor a declaração alarmante do presidente da República, quando tentou preparar os portugueses para a possibilidade de termos um Natal diferente.
Domingos de AndradeViver na corda bamba"Não podemos separar famílias no Natal como fizemos na Páscoa". "Se é preciso repensar o Natal em família, repensa-se o Natal". "Parar o país teve um custo enorme. Foi horrível. Destruiu milhares de postos de trabalho". "Não podemos voltar a recorrer ao confinamento". "Não posso excluir que a realidade imponha um novo confinamento".
Domingos de AndradeMapas para apontar o dedoEste é um texto para pais. E avós. E tios. E sobrinhos. Um texto para quem tem filhos na escola. Um texto sobre como a escalada da propagação do medo vem de todos os lados. E que estamos no tempo do vale-tudo.
Domingos de AndradeO jogo de sombras entre BE e PCPPor detrás do discurso artificial sobre o fantasma de uma crise política está um teatro de sombras entre BE e PCP, em que os bloquistas não querem ficar com o peso de dar a mão ao PS e aprovarem sozinhos o Orçamento do Estado, e os comunistas, com a memória fresca da fatura eleitoral pesada do apoio dado aos socialistas na passada legislatura, oscilam entre o não, o sim e o talvez-talvez para não deixarem cair a governação nas mãos de um hipotético bloco central.
Domingos de AndradeO tamanho da criseNão há motivos para surpresa na insistência com que o presidente da República fala abertamente da negociação para o próximo Orçamento do Estado e aponta o caminho a seguir por Rui Rio, se for chamado a viabilizá-lo.
Domingos de AndradeContar os mortosNos últimos dias, ganhou algum lastro a discussão sobre a estratégia seguida na Suécia e a defesa da sua eficácia comparativamente com a de Portugal. O debate tem um problema de base, porque não faz sentido uma fria contagem de cadáveres.
Domingos de AndradeOs pais e o medoA pouco mais de uma semana do arranque do ano letivo, há milhares de famílias que desconhecem o sistema de horários que a escola irá adotar.
Domingos de AndradeOs bancos mausO que se passou com a resolução do BES em 2014, no Governo PSD/CDS, e a venda do Novo Banco ao Fundo Lone Star em 2017, no Governo PS, é demasiado sério para que o relatório da auditoria da Deloitte pouco mais tenha servido do que de arma de arremesso da Oposição ao Governo socialista e dos socialistas ao Governo então liderado por Passos Coelho.
Domingos de AndradeAi os velhos, senhor, os velhos"Então morrem 18 pessoas e ninguém é responsável?" A pergunta de Adrian Istratuc, pai de três filhos órfãos de mãe, filhos de Ludmila, funcionária há oito anos do lar de Reguengos de Monsaraz que morreu lentamente tratada a ben-u-ron até ser tardiamente internada, que morreu lentamente aconselhada pela Linha de Saúde 24 a tomar o remédio comum, a pergunta de Adrian sem resposta, insistimos, devia cobrir-nos, a nós, filhos, netos, sobrinhos de todos os velhos despejados em lares, de uma vergonha sem fim.
Domingos de AndradeA tempestadeBasta sair um pouco do sofá para perceber a hecatombe económica que nos começa a cair em cima.
Domingos de AndradeRadicalização e consciência cívicaOs crimes cometidos pela brasileira Sara Giromini ao divulgar os dados pessoais de uma criança vítima de abusos sexuais são tão abjetos que não merecem sequer discussão.
Domingos de AndradeVozes de burroNão é Norte contra Sul. E muito menos Porto contra Lisboa. É, mesmo que a afirmação soe a homilia dominical, uma questão que nos diz respeito a todos, que a todos deve envolver num desígnio nacional.
Domingos de AndradeAs máscaras da Europa Não há grandes segredos. Verdadeiramente, no final é sempre uma questão de quem detém e distribui o capital. Poucas vezes a construção europeia, da solidariedade e do Estado de direito, do Estado social, da união entre povos e culturas, de conquistas civilizacionais únicas, esteve tão à prova como agora.
Domingos de AndradeO inverno de António CostaNinguém poderia esperar do relatório de António Costa e Silva receitas milagrosas para fazer disparar a economia do país.