Miguel GuedesA Justiça a ser toupeiraA Justiça portuguesa já andava mergulhada em dúvidas existenciais sobre a sua natureza e sobre o comportamento antinatural das suas toupeiras. Nasce então o dia em que uma procuradora do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa achou que podia acordar na Hungria.
Miguel GuedesDe Washington para BelémJá não basta bater em retirada, assobiar para o lado e sair de fininho. Não há outro caminho que salve o partido republicano deste engulho: terão de deixar cair Donald Trump, admitindo o "impeachment" ou, pelo menos, que responda em tribunal pelos crimes que deverá ser acusado.
Miguel GuedesUm novo ano à altura do malBasta de lamúrias. Hoje é o primeiro ano do resto das nossas vidas com a vacina covid-19 nas mãos.
Miguel GuedesMáscaras pela consoada O instinto para partilhar compotas em vãos de escada está mais apurado do que nunca, sumo-pontífice-geleia da boa vizinhança, a expensas da Direcção-Geral da Saúde.
Miguel GuedesConfinamento de vilões Os melhores momentos vivem de um "timing" perfeito. Sem o tempo certo, assomam as oportunidades perdidas, acontecimentos espantosos que se precipitam, incapazes de encontrar a hora, para a infelicidade de aparecerem nas piores alturas. Qualquer reaparecimento público de Cavaco Silva ou de Durão Barroso é um acontecimento equiparável à permanência de crédito malparado: convoca sempre um ajuste de contas com o passado. Esta semana, ambos reapareceram publicamente para gáudio de Marcelo Rebelo de Sousa e de António Costa. Os momentos felizes existem.
Miguel GuedesBotão de "eject"Foram necessários nove meses para o Estado português parir uma indemnização. Todo o tempo de gestação de uma vida humana para Portugal, essa palavra que a viúva de Ihor Homenyuk não consegue ouvir sem que o ódio aflore, corresponder à sua mais elementar obrigação: indemnizar a família por um homicídio às suas mãos.
Miguel GuedesArmar a tenda Saber se a presença em frente ao Parlamento de nove empresários em greve de fome, habitualmente bem nutridos nas suas vidas normais (garbosa e luxuosamente exibidas nas redes sociais), faz mais ou menos pelas reivindicações do sector da restauração, hotelaria e diversão nocturna é algo de muito questionável.
Miguel GuedesUma auditoria para o Novo VotoA dignificação da classe política é, mais do que nunca nos dias de hoje, um propósito fundamental para que a mesma se possa colocar a milhas de distância e, consequentemente, a salvo e protegida dos piores populismos que crescem à custa da demagogia e autoritarismos vários.
Miguel GuedesA riqueza em Rabo de PeixeO espalhanço populista de Rui Rio na entrevista à TVI deixou bem claro que um candidato a "rei da integridade" pode passar, num ápice e por vontade própria, a "mestre do contorcionismo". Rio decepciona mesmo os seus indefectíveis, aqueles que sempre o abençoaram pela ilusão de verticalidade que proporcionava. "Não quero chegar a primeiro-ministro de qualquer maneira", afirma sem pestanejar. Talvez tenha escolhido a pior maneira para que nunca o possa vir a ser.
Miguel GuedesVer o PSD morrerNenhum democrata, independentemente do quadrante político, pode olhar com indiferença para o caminho que o PSD, partido basilar da Direita democrática, decidiu trilhar. Mais ainda: ninguém, por mais longe que esteja politicamente do PSD, pode conceber que este partido tenha resolvido romper a cerca sanitária com o fascismo, a xenofobia, o racismo ou a misoginia. Pior ainda: é difícil acreditar que isto - isto que efectivamente está a acontecer - seja verdade. Que pelas mãos de Rui Rio, aquele que dizia querer recentrar o partido ou equacionar um novo bloco central, o PSD entre num processo de autofagia, deixando milhares de sociais-democratas órfãos, gente que jamais aceitará que o oportunismo de uma liderança à deriva corroa os princípios basilares da sua decência, dos pilares fundamentais da democracia e do seu humanismo. Há países europeus onde o centro-direita resiste (há décadas!) a alianças com uma extrema-direita que vale quase 20%. Em Portugal, para o PSD de Rui Rio, bastou um deputado, uns meses e umas sondagens.
Miguel GuedesO que ficará para sempre é que tentaramHá quatro anos, imprevisibilidade e loucura eram dois predicados que ninguém negava a Donald Trump. Nos dias de hoje, de Trump só resta o que tem de louco e de incendiário.
Miguel GuedesCovid na crista da ondaÉ indecifrável a razão que leva milhares de pessoas às arribas da praia do Norte da Nazaré para ver ondas gigantes em plena pandemia. Sendo decifrável, é um desgosto.
Miguel GuedesA paciência à EsquerdaÉ mais fácil dizer que fazer, ou outros adágios. As negociações do Governo tendo em vista a aprovação à esquerda do OE21 têm sido um simulacro de negociação por parte do PS.
Miguel GuedesStayAway Bloco CentralO Estado não pode perder a cabeça com os seus cidadãos mesmo que os seus cidadãos percam a cabeça.
Miguel GuedesA falsa ilusão de segurança do Governo A decisão do PS de navegar à vista após a vitória nas últimas eleições, rejeitando acordos escritos à Esquerda para os quais (pelo menos) o Bloco de Esquerda sempre se mostrou disponível, criou condições para que uma crise política pudesse estar sempre ao virar da esquina.
Miguel GuedesA batota de TrumpQuando Ronald Reagan ganhou a América a Jimmy Carter, milhões de americanos sentiram que um terramoto tinha acabado de abanar a história do país.
Miguel GuedesFascismos e autopuniçãoA recusa em aceitar a realidade é um ponto de partida para a mentira, uma espécie de "pole position" forçada para impedir, por todos os meios, que quem vem atrás passe para a frente, ultrapasse. Chama-se, vulgarmente, batota.
Miguel GuedesO primeiro António e o cidadão CostaAntónio Costa anulou as presidenciais. Encostado à candidatura-chapéu-de-chuva de Marcelo Rebelo de Sousa, recusando o apoio à candidatura da militante socialista Ana Gomes, Costa remodela, até na saúde, em pleno reacendimento da pandemia e nem hesita em exonerar.
Miguel GuedesMarcelo no seu lugarSoa mesmo a eleitoralismo socialista, esta nova normalidade do PS perder a sua vocação de poder por altura das eleições presidenciais.
Miguel GuedesA curiosidade pariu um ratoHá uma dúvida que persiste mas que já vem acondicionada por uma certeza emergente: se necessidade houvesse de justificar a irrazoabilidade da passagem directa de Mário Centeno de ministro das Finanças a governador do Banco de Portugal (BdP), bastaria atentar na forma como o próprio tem gerido os seus primeiros dias.
Miguel GuedesSai mais uma dose, s.f.f.Foi tão súbita como uma rajada de vento, levada foi a polémica pelo acordo de paz entre António Costa e o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, dias após o incidente.
Miguel GuedesUma questão qualquer O marxismo cultural é lixado. "Por uma questão qualquer de angariação de fundos", André Ventura (AV) reduz a detenção de Steven Bannon, guru norte-americano da extrema-direita à escala global, a uma perseguição miúda e desprezível. "Por uma questão qualquer", é uma minudência ter sido acusado do desvio de milhões de dólares da iniciativa de recolha de fundos para a construção do muro na fronteira entre os EUA e o México, alimentando as suas redes políticas extremistas, a sua vida pessoal de luxos e a de outros comparsas de crime e castigo.
Miguel GuedesA nova maioria silenciosa É muito penoso escrever sobre a ignomínia. Sobre aquilo que nem nos nossos piores pesadelos pensamos ser necessário escrever um dia. Mas está aí e está por toda a parte, nas conversas fugazes do dia a dia, à entrada de um qualquer café, na bolha das redes, nas "timelines" avulsas e nas horrendas caixas de comentários anónimos.
Miguel GuedesO rei nómada ou o bom exílio São muitos os casos em que uma das partes se unha e desunha para pôr fim à afinidade, sem sucesso. Mas nada que um agente privado nipónico não possa resolver, intrometendo-se como "affaire" ou verdadeiro agente de sabotagem.
Miguel GuedesA corte na lamaDois anos depois, o PSD volta a abrir os braços a André Ventura (AV). Não deixa de ser curioso que dois líderes sociais-democratas, consecutivamente, sejam os maiores responsáveis pela normalização irresponsável de um projecto político pessoal absolutamente demagógico, maniqueísta, mentiroso e populista, tantas vezes racista, odioso e xenófobo. É perturbador que a única coisa que parece aproximar Passos Coelho de Rui Rio seja esta tendência conjunta para normalizar protofascistas num ápice.