Pedro Ivo CarvalhoOs "doentes" da raspadinhaNuma louvável e oportuna iniciativa, o Conselho Económico e Social, em parceria com os investigadores da Universidade do Minho Pedro Morgado e Luís Aguiar-Conraria, decidiu deitar no divã os portugueses viciados na raspadinha. O estudo, inédito, tem como missão aprofundar o conhecimento científico sobre uma maleita que grassa, há anos, na sociedade portuguesa.
Pedro Ivo CarvalhoA redenção no caso RendeiroA morte de João Rendeiro na cela de uma prisão sul-africana simboliza não apenas uma tragédia pessoal e familiar, mas também a imagem irrecuperável de um falhanço na aplicação da justiça portuguesa. Mais um, na verdade, num caso que a classe política e a magistratura quiseram elevar, sem ponta de êxito, à condição de exemplo.
Pedro Ivo CarvalhoA charada dos combustíveisQual é a coisa, qual é ela, que sempre que baixa de preço aumenta de preço? Se respondeu combustíveis, está coberto de razão. E isso é revelador não apenas da sua enorme perspicácia, caro leitor, mas também da forma mecanizada como nos habituamos a acolher esta prática comercial com a passividade de quem é forçado a comer e calar. Que é como quem diz, encher o depósito e pagar.
Pedro Ivo CarvalhoA decência da Igreja CatólicaA atitude da Igreja Católica portuguesa relativamente à investigação das queixas de abusos sexuais de menores perpetrados por elementos do clero não difere, no essencial, do que temos visto das suas congéneres um pouco por todo o Mundo.
Pedro Ivo CarvalhoA supercola do regime Costa-elogia-Marcelo-e-Marcelo-elogia-Costa foi uma das mais entoadas cantilenas políticas da passada legislatura.
Pedro Ivo CarvalhoE se Putin invadir Paris?Quarenta e poucos dias após o início de um impensável conflito militar em solo europeu, há uma nova nuvem negra a pairar sobre o Velho Continente.
Pedro Ivo CarvalhoOs autarcas que apaguem a luzA prenda era tão, mas tão generosa, que os autarcas cedo duvidaram do maravilhoso mundo de competências que o Estado central lhes estava a prometer, a expensas de uma regionalização encapotada.
Pedro Ivo Carvalho60 euros do que somosOs números são conhecidos: cerca de 1,6 milhões de portugueses (aproximadamente 10% da população, portanto) vivem abaixo do limiar da pobreza, que é o mesmo que dizer que dois em cada cinco agregados familiares enfrentam o mês com cerca de 833 euros.
Pedro Ivo CarvalhoSejam muito bem-vindosNão é fácil distinguir clarões de luz por entre as trevas da guerra, especialmente quando o palco que se pretende iluminar é uma Europa que está, de novo, a enfrentar uma prova de esforço para a qual não estava preparada. Mas essa luz existe e vemo-la espraiada na generosidade das nações e dos cidadãos que, de um dia para o outro, nos fizeram esquecer que este era, não há muito tempo, o continente que segregava refugiados pela sua proveniência, patrocinando uma mercearia diplomática demasiadas vezes paga em vidas humanas. A forma como essa evolução aconteceu, em países como a Polónia, a Hungria e a Grécia, que fizeram vista grossa a sírios e iraquianos, é merecedora de elogio.
Pedro Ivo CarvalhoEconomia de pós-guerraFoi num gigantesco espelho chamado realidade que a União Europeia viu refletidas as suas fragilidades.
Pedro Ivo CarvalhoO pior está para vir1. Lemos a profecia de Emmanuel Macron, pouco depois de o presidente francês ter estado uma hora e meia ao telefone com Vladimir Putin, e tomámo-la como apocalítica.
Pedro Ivo CarvalhoSozinhos em casaEsqueçamos por um momento a arquitetura geopolítica e as leis internacionais. E constatemos o óbvio: é desconcertante que a Europa, os Estados Unidos da América, o mundo ocidental, democrático e desenvolvido, nada tenha podido fazer para evitar a desumana invasão russa da Ucrânia.
Pedro Ivo CarvalhoCom Putin, temer o piorO que vai na cabeça de Vladimir Putin? Não sabemos. A resposta é evasiva, mas é a possível. A guerra de propaganda entre Moscovo e Kiev, a que desde dezembro temos vindo a assistir, está pendurada nesta dúvida do tamanho do Mundo. Pode acontecer tudo e pode não acontecer nada.
Pedro Ivo CarvalhoDemocracia para o lixoNão há outra forma de qualificar o episódio que manchou as mais recentes eleições legislativas: triste, demasiado triste. Graças a um acordo de cavalheiros não cumprido entre PSD e PS, com o alto patrocínio da Comissão Nacional de Eleições, foram deitados ao lixo 157 mil votos de emigrantes. Um desfecho vergonhoso, desrespeitador da vontade popular de milhares de portugueses que, mesmo à distância, não se furtaram a pronunciar-se sobre o futuro político do país; e revelador de uma tremenda falta de sentido de Estado dos intervenientes.
Pedro Ivo CarvalhoEsquerda, Direita, volverEsquerda. PCP e BE não vão recuperar tão cedo do atordoamento eleitoral pós-maioria absoluta. Porque continuam a tentar sarar feridas autoinfligidas com uma narrativa trôpega: a de que foi o PS que lhes roubou eleitorado (não era suposto?), ao enfatizar um cenário de bipolarização. Evitando reconhecer que foram eles que se espalharam ao comprido quando decidiram chumbar o Orçamento do Estado, ao bater insistentamente no peito ideológico e rasgando as vestes por convicções inegociáveis cuja justeza nem mesmo os seus eleitores reconheceram na hora de se mudarem para o regaço cor de rosa. Passada a fase da catarse interna, há que definir uma de duas estratégias: adotar a rua como palco privilegiado para o combate a uma maioria absoluta que vai navegar na bonança da libertação pandémica e dos milhões da bazuca europeia; ou reforçar no Parlamento a sua relevância na balança partidária, com tenacidade e espírito crítico, esperando que, em outubro de 2026, e cumprindo-se a mais longa legislatura da democracia, ainda ninguém se tenha esquecido de como se escreve a palavra geringonça. Que é como quem diz alternativa.
Pedro Ivo CarvalhoVamos votar, depois vê-seIndependentemente da geometria política, talvez a mais variável dos atos eleitorais dos últimos anos, há um valor inesgotável e intrínseco a todas as chamadas às urnas: o de podermos exercer aquele que é, simultaneamente, um direito e um dever.
Pedro Ivo CarvalhoOutra vez carne assada?2465 euros por minuto é muito ou pouco? E se dissermos antes 41 euros por segundo, parece mais? Mas descanse o leitor: não vamos alongar-nos sobre o salário de nenhum jogador de futebol ou de alguma estrela planetária do Instagram. 2465 euros por minuto é o valor que o Estado português vai despender em tempos de antena para as eleições legislativas.
Pedro Ivo CarvalhoA ressaca do número 10As notícias que, por estes dias, vamos lendo sobre o emaranhado de mentiras, desculpas esfarrapadas e provas avulsas de desfaçatez do Governo britânico a propósito da organização de festas em Downing Street em períodos de fortes restrições pandémicas vão parecendo mais resquícios criativos da série "The Crown" do que episódios inspirados em factos reais. Mas, no Reino Unido, a verdade é como as garrafas vazias das festas covid: aparece sempre no final.
Pedro Ivo CarvalhoDebate e fogeOs mais saudosos recorrem à RTP Memória para enfatizar os méritos patrióticos dos longos e entusiasmantes debates políticos do passado quando comparados com os lestos 25 minutos dos debates de hoje. O tempo é, porém, outro.
Pedro Ivo CarvalhoA pobreza é um lugar frioA pobreza tem muitas faces. Demasiadas demonstrações. A pobreza pode ser um pormenor, um regresso constante a uma fatalidade que passa de avós para pais, destes para os filhos. A pobreza pode ser económica, social, cultural. A pobreza pode ser energética.
Pedro Ivo CarvalhoPortugal obliteradoE eis que, chegados ao segundo Natal pandémico, nos encontramos mais manietados pelo medo do que no primeiro. A economia está menos limitada nos movimentos, estamos quase todos vacinados, a covid mata menos, empurra menos doentes graves para o hospital, mas, ainda assim, esta maldita variante ómicron está a conseguir ser bastante mais destrutiva da nossa ingénua vocação para acreditar que já estivemos mais longe do fim.
Pedro Ivo CarvalhoNão negarás o centralismoAfinal, a ministra da Coesão Territorial (força de expressão) não queria dizer aquilo que disse e aquilo em que acredita.
Pedro Ivo CarvalhoO país da transação digitalHá casamentos em Portugal que acabam mais depressa do que alguns planos de fidelização nas telecomunicações.
Pedro Ivo CarvalhoAfogados na diplomaciaAs imagens televisivas sucederam-se, e talvez por isso o absurdo foi mais evidente.
Pedro Ivo CarvalhoSalvámos 2300 vidasSomos os maiores, somos uma nódoa. Estamos livres, vamos confinar. Os casos estão a baixar, os casos estão a duplicar. A vacina é decisiva. Vai ser precisa uma terceira dose. A nossa vida vai voltar ao normal. Afinal, o pesadelo não acabou...