Moradores de Atiães protestaram em frente à Câmara. Maioria no Executivo nega criação de área empresarial.
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Mais de uma centena de moradores da freguesia de Atiães juntou-se, esta quarta-feira, ao presidente da Junta, Samuel Estrada, para protestar contra "a construção de um parque industrial" naquele território de Vila Verde. O autarca garante que "não há condições para acolher nove fábricas" e teme que a população "perca o sossego". A Câmara nega haver um projeto para criar uma área empresarial, mas assume que foi aprovado um Pedido de Informação Prévia "para a instalação de diferentes investimentos".
Segundo Samuel Estrada, o problema foi suscitado, recentemente, numa reunião do Executivo municipal, a propósito da revisão do Plano Diretor Municipal (PDM). "Encontrámos uma mancha extensa na nossa freguesia, com cerca de 17 hectares, para a atividade económica. Fiquei alarmado e descobri que, em 2009, a Câmara celebrou um contrato com um alemão que comprou oito hectares de terreno florestal. Como não dava para construir uma fábrica, em 2014, houve alteração da classificação do solo", acusa o autarca de Atiães, sublinhando que, além do interesse do investidor alemão, a maioria no Executivo "convidou outros empresários" para ali se instalarem.
"Este terreno é monte, não tem nenhuma condição para ter um parque. Isto vai obrigar a um sacrifício financeiro descomunal, por parte do Município, quando não é preciso, porque a dois quilómetros temos o parque industrial de Oleiros", atesta o presidente da Junta, adiantando que cerca de 300 moradores, dos quase 500 que compõem a freguesia, "já assinaram um abaixo-assinado" a insurgirem-se contra a instalação de firmas no local. Em vez disso, pedem "solo para habitação".
É o caso de Joaquim Castro, que, ontem, integrou o protesto, à porta da Câmara. O morador de 74 anos lamentava a saída de jovens da terra, "por não poderem construir, devido às zonas verdes". "Têm que procurar habitação fora da freguesia", atestava Henrique Costa, outro morador.
Previstos para aterro
A presidente da Câmara, Júlia Fernandes, ouviu os queixosos à chegada à Assembleia Municipal. Ao JN, as explicações chegaram em comunicado. No esclarecimento, o Município lembra que os terrenos já estiveram previstos "para aterro sanitário intermunicipal" e garante que "não está a alterar a tipologia de uso dos solos em Atiães para aumentar áreas de instalação de indústria". Os responsáveis asseveram que a nova revisão do PDM prevê até uma redução do solo para atividade económica de 16,6 hectares "para 10,49 hectares".
"No que toca aos terrenos em causa na freguesia de Atiães, face à existência de Pedidos de Informação Prévia (PIP) dos proprietários para construção e investimentos empresariais, o Município não tem fundamento legal para impedir um direito privado adquirido quanto à utilização do solo nesses terrenos", justifica a maioria, frisando que a revisão do PDM passa por "23 entidades".