Equipamento nas Penhas da Saúde, Covilhã, que abriu em dezembro e fecha em abril, já teve 10 mil pessoas. Há crianças que vêm do outro lado do distrito para duas horas de aula de hóquei em gelo e patinagem.
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"Estiquem o rabo para trás, estiquem os braços e não larguem o ursinho" - a instrução parte de Sophia LaMay, professora de patinagem às cerca de 10 crianças que estão a aprender a patinagem. É o primeiro contacto com o gelo. Os pais estão na bancada já bem mais descansados depois de as primeiras aulas terem sido pautadas por algumas quedas. "As crianças adaptam-se bem, têm um corpo mais leve", diz-nos a professora americana.
No Serra da Estrela Ice Arena, uma pista de gelo nas Penhas da Saúde, na Covilhã, a funcionar desde dezembro, já passaram cerca de 10 mil pessoas, cálculo entre as crianças que estão nas aulas de hóquei no gelo e patinagem e os visitantes. A Federação de Desportos de Inverno de Portugal (FDIP), proprietária do empreendimento instalado junto à Pousada da Juventude, faz um balanço positivo da primeira temporada.
"A pista encerra em abril. Temos tido temperaturas de 20 graus no exterior e isso obriga-nos a reforçar a energia para a formação de gelo e com isso sobem os custos. Se vier frio na primavera, pudemos prolongar um pouco mais mas se não, e tudo leva a crer que seja assim, vamos ter de encerrar em abril", explica Pedro Farromba, presidente da FDIP.
É objetivo da federação com a pista de gelo (no país existe outra em Viseu) formar futuros atletas de patinagem artística e de hóquei em gelo. Para isso, estão a funcionar aos domingos de manhã duas turmas, com cerca de 20 crianças inscritas em cada modalidade.
Curling a seguir
"Queremos ainda implementar o curling", adianta Pedro Farromba, que considera ser este um ponto de atração turística na Serra da Estrela, sem neve. "Os que visitam querem diversificação de atrações, a pista de gelo é esse complemento", considera o dirigente. No Ice Arena os acessórios podem ser alugados por períodos de meia hora ou uma hora. Os valores vão dos quatro aos 10 euros.
Os Vikings Ice Hockey, formação de cerca de 10 jovens da Sertã, praticam hóquei em patins em linha no pavilhão do Grupo Cultural e Recreativo Castelense, na Sertã, distrito de Castelo Branco que faz fronteira com o de Coimbra. Fazem todos os domingos quase duas horas de viagem para praticar hóquei no gelo na Estrela. O monitor, Nuno Flor, vivia em Lisboa e foi estudar para os Estados Unidos onde praticou hóquei em linha. De regresso a Portugal, foi jogador sénior e treinador em Cascais até vir viver para a Sertã. Agora está a ensinar os mais novos, numa aldeia da chamada zona do Pinhal com prática em gelo aos fins de semana.
A monitora de patinagem, Sophia LaMay, protagoniza ali um sonho. Foi atleta federada nos Estados Unidos mas teve de abandonar a carreira desportiva devido a lesão. Com a vida desfeita, veio para Lisboa sem rumo. "Trabalho num restaurante e aos fins de semana venho ensinar. Estão aqui crianças com muito talento. Nunca imaginei voltar à pista", diz com alguma emoção.