<p>Por causa de uma ponte tivemos de alterar toda a nossa vida e parece que ninguém quer saber disso”. Esta é a expressão mais ouvida, por estes dias, no concelho de Constância.</p>
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Leontina Agostinho, trabalha na biblioteca, na margem norte, e reside na freguesia de Santa Margarida, a sul. Com o encerramento da ponte, começou por fazer a viagem de carro, mas cedo percebeu que o tempo e o dinheiro gasto em combustível não era comportável. Optou por fazer a travessia de barco com a filha Beatriz de 14 meses. “A sorte é que temos dois carros e fica um em cada margem. De outra forma não conseguia levar a Beatriz à creche e ir trabalhar”, diz, revelando que teve de alterar todos os horários.
Nos percurso conta com a ajuda de duas educadoras da creche da filha. Sandra Marques e Isabel Lopes também residem na margem sul e já se habituaram as mudanças. “O que custa mais é subir do cais para a creche. É mais de um quilómetro e sempre a subir”, diz Sandra, adiantando ter optado por andar de sapatilhas “por causa da areia” na margem do rio.
“Temos de andar com outra muda de roupa, porque quando chegámos ao trabalho estamos cansadas e transpiradas”, assegura.
Isabel Lopes está rouca “por causa do frio” que apanha no barco”. Na viagem de regresso a casa leva Afonso, de dois anos. “A mãe vive e trabalha em Santa Margarida e pediu-me para o trazer. De outra forma tinha de fazer quatro viagens de carro”, assegura. Sofia Godinho, a mãe, espera Afonso na margem sul. “Já arranjei uma ama para o mais pequeno e outra creche para o Afonso” conta, revelando que pagará tanto pela ama quanto iria pagar pelos dois filhos na creche da Santa Casa da Misericórdia. “A nossa vida ficou de pernas para o ar”, desabafa.