Em Fontão, Ponte de Lima, ultimam-se os preparativos do almoço que o mordomo da Cruz da freguesia oferece, amanhã, a cerca de 400 convivas. Apesar dos custos, António Ribeiro diz que tradição "não desaparecerá".
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Elevam-se a perto de 25 mil euros os custos do almoço que será servido amanhã pelo mordomo da Cruz de Fontão, em Ponte de Lima, a cerca de 400 convivas, uma tradição cujas origens se perdem no tempo e que, segundo o anfitrião da festa deste ano, António Ribeiro, "tão cedo não desaparecerá, apesar dos tempos de contenção que atravessamos".
Para o mordomo, de 55 anos, funcionário de um armazém de carpintaria, o segredo do sucesso do evento - "que tem vindo a ganhar dimensão nas últimas décadas", assegura - reside na união da freguesia. "Esta festa é a prova da união em que vivemos. Caso ela não existisse, há muito que a tradição teria desaparecido", garante, afiançando que "não falta ajuda" a quem promova a realização, por si entendida como "o momento maior da freguesia".
Ao final da manhã de ontem, ultimava-se a montagem da estrutura que, amanhã, acolherá centenas de convivas. Os géneros alimentícios começavam, também, a chegar à casa do mordomo, onde, depois, serão confeccionados por mais de uma dezena de cozinheiras. "Ainda ontem (anteontem), mais de 20 jovens estiveram aqui a ajudar a montar a estrutura. E olhe que não é preciso pedir, as pessoas são as primeiras a disponibilizar-se para ajudar", assegura António Ribeiro, assinalando que, ao todo, meia centena de pessoas encarregar-se-ão, amanhã, de pôr de pé o banquete, para o qual foi adquirido uma vitela, com 120 quilos, igual quantidade de bacalhau, mais de 100 quilos de cabrito e cerca de 600 garrafas de "branco" da adega local.
Dando conta de que a festa tem vindo a ser realizada, nos últimos cinco anos, por familiares seus, confidencia que "não fazia a mínima ideia" que viria, no ano passado, a ser o escolhido. No caso, por um primo seu. "Fiquei estupefacto quando me puseram o ramo de laranjeira na mão. Nem me recordo do que pensei na altura. Mas contente fiquei. Lá isso fiquei. E muito", afiança, asseverando que "não há ninguém que não fique contente em ser escolhido, apesar do trabalho e das despesas que uma realização como esta acarreta". Quanto aos envelopes (com dinheiro) destinados ao mordomo e entregues durante o respasto, António Ribeiro admite que "constituem uma preciosa ajuda para as despesas", assegurando, porém, que "pessoas há que, se pudessem, gostariam de voltar a ser escolhidas", hipótese que é contrariada pela tradição, que manda que só se possa ser mordomo da Cruz uma vez na vida.
O mordomo do próximo ano "há muito" que foi escolhido. Porém, só deverá ser conhecido amanhã.