"A vista aérea de Ponte de Lima é desoladora. O fogo correu quase as capelas todas"
Segundo o Comandante dos Bombeiros Voluntários de Ponte de Lima, Carlos Lima, realçou que a área ardida atingiu "mais de 500 hectares". No Monte da Nó, serra onde existem várias capelas, "está tudo queimado".
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José e Jacinta Silva estacionaram, esta quarta-feira, o carro junto à capela de S. João, na Facha, Ponte de Lima, um dos pontos de onde se aproximava o incêndio que lavra há dois dias naquele concelho. Jacinta é dona, com outros familiares, de um pinhal e eucaliptal com 10 hectares naquela zona, que o fogo praticamente já destruiu na totalidade.
"Ardeu tudo. Só ficou uma parcela pequena abaixo da estrada que é a minha", disse, indicando que ali também possuem uma casa inabitável, para já intacta. O casal reside em Vitorino de Piães, onde as chamas também chegaram na última madrugada, depois de terem começado em Rebordões e atravessado Correlhã e Facha.
O Comandante dos Bombeiros Voluntários de Ponte de Lima, Carlos Lima, que está a comandar as operações desde o início e, na terça-feira, participou num voo de reconhecimento aos incêndios da região [Ponte da Barca, incluído], afirma que a área ardida atingiu "mais de 500 hectares".
"De helicóptero consegue fazer-se o reconhecimento e a vista aérea é completamente diferente. Em Ponte de Lima é desoladora. Vemos uma serra, que tem nome, não é um monte qualquer, é o Monte da Nó. Uma serra muito querida pelas pessoas, pela sua natureza e porque temos várias capelas lá. Neste momento, está tudo queimado", relatou ao Jornal de Notícias o Comandante Carlos Lima, referindo que o fogo "andou a rondar as capelas". "Correu as capelas todas praticamente. Há uma, a de S. Cipriano, que ardeu tudo à volta, só ficou mesmo a capela. Safou-se porque é de pedra", contou.
Na Facha, os irmãos Franclim e Almerinda Pereira passaram a última madrugada a acordar e a espreitar as labaredas no Monte da Nó. "Tivemos sempre o fogo à vista, mas ele vinha devagarinho. Não causou pânico", disse Franclim. "Estava a ouvir a rádio e acordava de hora em hora. Vinha à janela ver como estava a serra", recordou.
Do fogo a rondar as capelas, os irmãos também também ouviram falar. "São para aí onze. A de S. Cipriano é que diz que esteve mais em perigo. Em setembro, fazem lá uma festa. É depois das Feiras Novas. É uma festa de comes e bebes, da borga tipo São João d"Arga, que é muito conhecido. Ali é um mini São João d"Arga", contou. "S. Cipriano é no alto do monte e tem uma vista muito linda. Até se vê para Viana", acrescentou Almerinda.
O incêndio que começou em Rebordões (Santa Maria), às 22.47 horas de segunda-feira, estava a ser combatido, às 20 horas, desta quarta-feira, por 164 operacionais apoiados por 55 veículos.