Ponte de Lima a arder sem apoio de meios aéreos. Três bombeiros cederam ao cansaço
O incêndio que lavra desde segunda-feira à noite em Ponte de Lima já atravessou quatro freguesias - Rebordões, Correlhã, Facha e Vitorino de Piães, onde entrou na última madrugada - e está esta quarta-feira a arder entregue a si próprio, em duas frentes, por inacessibilidade dos meios terrestres.
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A área ardida atinge "cerca de 500 hectares", afirma o comandante dos Bombeiros Voluntários de Ponte de Lima, Carlos Lima. E não há nenhum meio aéreo envolvido no combate.
"É o que nos está a causar mais preocupação, porque não estamos a ver uma solução imediata. Se os meios aéreos estivessem no teatro de operações iam resolver de certeza. Neste momento não temos nenhum, nem há previsão para que sejam acionados para aqui", declarou aquele responsável, dando conta também que os operacionais começam a ceder ao cansaço.
"Tivemos três baixas, um bombeiro foi recuperado no teatro de operações e continuou, dois foram transportados para o hospital por cansaço", afirmou o Comandante dos Bombeiros Voluntários de Ponte de Lima, Carlos Lima, num ponto de situação feito no posto de comando, instalado no centro social da Facha, de onde terça-feira foram retirados os utentes do centro de dia e as crianças da creche.
Foto: Rui Manuel Fonseca
"Já são vários dias de combate. Há situações em que os bombeiros estão expostos a um nível de seres muito elevado, principalmente quando estão na defesa das populações e das casas, e, por vezes, têm de fugir porque a situação torna-se perigosa e isso leva a que o esforço fisico seja muito elevado e leva a esses momentos de cansaço", explicou, acrescentando: "O problema é que há bombeiros que já vêm de vários teatros de operações e o descanso é de poucas horas. O ideal era que o descanso fosse maior. Temos pessoal com descansos de quatro, cinco horas, e com o acumular dos dias começa a ser pouco".
Segundo o comandante Carlos Lima, "neste momento não há povoações em risco. O fogo está a arder contra vontade, contra declive e vento. É muito lento e é o mais seguro para a população".
Foto: Rui Manuel Fonseca
Envolvidos nas operações estão, esta quarta-feira, mais de 120 operacionais apoiados por cerca de meia centena de viaturas. E aguarda-se a chegada de um grupo de Lisboa, para render equipas no terreno.
"Temos duas frentes ativas, em duas freguesias, a descer a encosta e está contra vento, com condições favoráveis ao combate. A única dificuldade é que os meios não conseguem chegar com facilidade às frentes de fogo por via terrestre", descreveu Carlos Lima, indicando que "em muitos locais os meios estão a aguardar nos caminhos florestais uma oportunidade para combater o fogo. Em alguns sítios o fogo lavra sozinho. Depois no restante perímetro do incêndio, temos alguns reacendimentos que se vão dando, em que temos meios posicionados para ir combatendo".
Relatou ainda que na última noite, as mudanças de direção e velocidade do vento provocaram momentos de aflição. "Durante a madrugada tivemos situações complicadas em que o fogo impulsionado pelo vento, andou de copa - atingiu a parte superior das árvores e ganhou muita velocidade. São situações de alerta para os bombeiros, para que se ponham em segurança porque rapidamente podem ficar cercados", contou.