Algumas restrições impostas pelo Plano de Ordenamento da barragem dos Pisões estão a deixar apreensivos os agricultores da região. A Câmara diz que o projecto é "aceitável", mas vai propor "reparos". A discussão pública termina na terça-feira.
Corpo do artigo
Naquele dia, a discussão pública do Plano de Ordenamento da Albufeira do Alto Rabagão (Pisões), que duplica a área de protecção máxima à barragem com vista à protecção da qualidade da água. Em vez dos actuais 50 metros, a área de restrição máxima, no que diz respeito ao uso do solo, passa para os cem metros. No entanto, a zona de protecção total chega aos 500 metros.
Na área de restrição máxima, por exemplo, vai deixar de ser possível manter animais parqueados. Além disso, também será proibido usar as margens da barragem para fazer bebedouros para animais, bem como fertilizar intensivamente as culturas. Os agricultores das aldeias envolvidas pela albufeira estão apreensivos. Temem ser proibido de cultivar os terrenos mesmo encostados à barragem.
"Expropriação encapotada"
"Não nos vai favorecer em nada. É uma espécie de expropriação encapotada. São eles que vão mandar nos nossos terrenos", advoga o presidente da Junta de Morgade, António Miranda. "Para ir para certos terrenos, tenho de levar as vacas encostadas à barragem, se lhes der sede e elas quiserem beber, não as deixo? Isso é impossível!", diz, por sua vez, o agricultor Joaquim Peirezo. "Vou continuar a trabalhar como fiz até agora e só não ponho mais estrume porque não o tenho", alega, furioso, António Pinto, contestando também, que, além da restrição dos cem metros, seja proibido construir habitações.
"O que estão a fazer é com que os poucos jovens que aqui ainda há tenham que ir embora", prevê. O Instituto Nacional da Água (Inag), que está a conduzir o processo, garante, no entanto, que a agricultura tradicional não está em causa. "Se mantiverem as práticas não haverá nenhuma restrição, só haverá se intensificarem a utilização de adubos e fertilizantes e for posta em causa a qualidade da água", garantiu, na sessão pública de esclarecimento sobre o Plano, em Montalegre, Ana Barroco, técnica do Inag.
O presidente da Câmara de Montalegre, Fernando Rodrigues, também recusa alarmismos. "É um plano aceitável", diz, revelando, no entanto, que está a ser feita uma "série de reparos" ao plano. "É sobretudo uma questão de linguagem para que, no futuro, não possa haver interpretações ambíguas", afirma.