António Araújo: "Não prometemos obras faraónicas, mas propomos soluções concretas"
O fundador do movimento "Porto com Porto" quer um novo ciclo na cidade e diz-se "independente de lógicas partidárias" ou "lobbies". António Araújo vinca que não promete "obras faraónicas" mas soluções como um projeto assente numa visão metropolitana para a VCI, a regulação do alojamento local e medidas de combate efetivo ao tráfico de estupefacientes.
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Avançou com uma candidatura à Câmara do Porto com que objetivos eleitorais?
A nossa candidatura nasce da convicção de que o Porto precisa de um novo ciclo político, centrado nas pessoas que aqui vivem. O Porto desenvolveu-se nos últimos anos, mas nem sempre no melhor sentido: perdeu alguma da sua identidade, afastou muitos dos seus habitantes - sobretudo os mais jovens e os mais idosos - e viu crescer desigualdades e dificuldades no acesso à habitação, à mobilidade e aos serviços essenciais. Queremos devolver o Porto aos portuenses, com um projeto de cidade coeso, sustentável e equitativo. Não prometemos obras faraónicas, mas propomos soluções concretas para melhorar a vida de quem cá vive. Somos completamente independentes de lógicas partidárias, de lobbies, de outros interesses que não sejam a procura constante das melhores soluções para a nossa cidade. A nossa palavra de ordem, transversal a tudo o que fazemos e faremos, imprescindível para o desenvolvimento harmonioso do Porto, é - transparência.
Um dos principais problemas da cidade é a questão da VCI. Que propõe para se reduzir o trânsito naquela via?
A VCI está saturada. Deixou de ser uma via de cintura e tornou-se numa artéria urbana congestionada, com impactos sérios ao nível da mobilidade, da segurança rodoviária e da qualidade do ar. O relatório da Universidade do Porto veio confirmar o que os cidadãos vivem diariamente: esta infraestrutura não está preparada para os fluxos atuais e muito menos para os desafios futuros da cidade. A nossa proposta é estrutural e assenta em várias medidas articuladas: desviar o trânsito pesado para a CREP (A41), eliminando as portagens na CREP; requalificar e reorganizar a VCI, criando viadutos estratégicos em nós críticos (como o nó de Francos, o acesso à Boavista, e a ligação à A3); reduzir a dependência da VCI, investindo em transportes públicos eficazes, intermunicipais, ligações intermodais e ciclovias; reequilibrar os fluxos urbanos e metropolitanos, combatendo a expulsão dos residentes e trabalhadores da cidade com políticas de habitação acessível, diminuindo o tráfego pendular diário. Não podemos continuar a tratar a VCI com remendos. É preciso uma visão metropolitana integrada, onde Porto, municípios vizinhos e Estado, trabalham em conjunto para devolver qualidade de vida à cidade e a esses municípios envolvidos.