Arcos de Valdevez pede reforço de investigação para travar mão criminosa
O presidente da Câmara de Arcos de Valdevez pediu ao secretário de Estado da Proteção Civil o "reforço de policiamento e investigação" para travar os fogos com "origem criminosa" que têm assolado o concelho.
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"Tudo indica que [o incêndio que lavra em São Jorge e Ermelo] é fogo intencional e de origem criminosa pelas circunstâncias em que ocorreu, a hora a que ocorreu, a forma como o fogo evoluiu. A informação que me vão dando é que será essa a origem deste e de muitos outros. Temos de ter uma ação concertada de forma que se consiga travar estas pessoas que têm intenções que são efetivamente criminosas", afirmou à agência Lusa João Manuel Esteves.
O incêndio em São Jorge e Ermelo, concelho de Arcos de Valdevez, distrito de Viana do Castelo, deflagrou às 20.21 horas de terça-feira e permanece ativo, tendo consumido mais de 900 hectares de mato.
O autarca social-democrata disse ter falado com o secretário de Estado da Proteção Civil para pedir o reforço de meios de vigilância, policiamento e investigação criminal, "no sentido de tentar identificar ou pôr algum cobro a estas intenções criminosas que estão com muitas incidências".
"O presidente da República também ligou hoje para se inteirar do incêndio e alertei para a necessidade de ser reforçado o policiamento e a investigação", acrescentou.
O presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, sublinhou "os esforços de todos os operacionais, do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e das Juntas de Freguesia.
"Temos tentado resolver os problemas, mas há um número muito elevado de incêndios. A esmagadora maioria, segundo o sentimento geral, tem origem criminosa. Isto esgota os meios, desanima as pessoas e é um combate desigual. Fazem-se todos os esforços, as pessoas passam horas atrás dos incêndios e, de repente, surge mais um e, a seguir outro noutro lado", reforçou.
“Falha grave”
Também o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez, Germano Amorim, recorreu à página da corporação na rede social Facebook para deixar críticas à situação que se vive no concelho.
“Ano após ano, Arcos de Valdevez continua a ser destacadamente o concelho com o maior número de incêndios a nível nacional. É raro falhar a medalha de ouro nesta trágica estatística”, aponta Germano Amorim, considerando existir ”uma falha grave que tem de ser objeto de reflexão por todos os que constituem a Proteção Civil, principalmente a nível municipal”.
“Não é tolerável que se se aceite esta realidade como normal e sem que essencialmente se lance um debate alargado entre todos os que constituem este complexo edifício”, aponta.
“Não é igualmente aceitável que se continue a aceitar que o nível de investimento público seja tão escasso em matéria de combate, já que a prevenção e a organização territorial são evidentemente uma falha terrível. Tem assim de se reforçar significativamente o financiamento, a montante e a jusante, em Arcos de Valdevez, que se encontra em pleno Parque Nacional Peneda Gerês”, defende.
Em declarações à agência Lusa, o segundo comandante do Comando Sub-regional do Alto Minho, Carlos Pereira, adiantou que "o vento está bastante forte e a complicar as manobras de extinção" do fogo. "Há zonas do incêndio que estão controladas, mas a cabeça do incêndio está mais complicada", frisou.