Bilhetes de parque situado em frente ao Hospital de Aveiro são "revendidos" vezes sem conta, ao longo do dia, aos automobilistas.
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O parque de estacionamento situado em frente ao Hospital de Aveiro transformou-se num negócio lucrativo para vários arrumadores de carros. Cinco anos volvidos desde a criação, pela Autarquia, dos Parques de Longa Duração, com custo diário de um euro, há cada vez mais arrumadores que passam o dia a "revender" bilhetes dos parquímetros, num clima de intimidação aos automobilistas. A Autarquia assume ter conhecimento da situação e fala mesmo na prática de crimes de extorsão.
Os primeiros automobilistas a utilizar o parque, pela manhã, pagam um euro no parquímetro e colocam o ticket no carro. O preço é o mesmo, quer o automóvel ali permaneça uma hora ou o dia inteiro, mas muita gente só deixa o carro por um curto período. Por isso, quando veem um condutor a dirigir-se para a sua viatura - sinal de que vai tirar o carro -, os arrumadores abordam-no, pedindo para ficar com o seu bilhete de estacionamento.
A partir daí, o ticket é "revendido" vezes sem conta, ao longo do dia, a outros automobilistas, que não têm sequer hipótese de chegar perto do parcómetro sem serem abordados por um arrumador. O clima é, quase sempre, intimidatório. "Até ao vidro do carro já me bateram para eu não me ir embora sem devolver o ticket. A pessoa fica com receio e entrega-o", contou, ao JN, uma condutora.
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PSP alertada
"O problema existe e é conhecido da Câmara. Aliás, foi assunto na primeira reunião que tivemos com o novo comandante da PSP, a quem temos que dar tempo de fazer o seu trabalho. O que acontece ali todos os dias é um crime de extorsão", explicou Ribau Esteves, presidente da Câmara, que adiantou que há obras projetadas para o local (ver caixa). O autarca deixou claro que a Autarquia "mantém, também, a sua fiscalização", apesar de não ter "competência criminal". O certo é que, quando estão no parque fiscais camarários ou agentes da PSP, os arrumadores suspendem, automaticamente, a sua atividade.
Ribau Esteves afirmou, ainda, que o problema poderia ser resolvido se o parquímetro permitisse inserir a matrícula do automóvel de cada condutor, mas que a "absurda lei da proteção de dados" não o permite.
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Parque, lojas e residências universitárias
O parque de estacionamento em questão, situado em frente ao hospital e numa das entradas do campus da Universidade de Aveiro, vai sofrer obras. Ribau Esteves, presidente da Câmara, garantiu que a Autarquia "está a ultimar tudo para vender esse terreno e poder vir ali a construir-se um edifício de dois pisos, com estacionamento ao nível da cave e do rés do chão, que vai duplicar a capacidade de parqueamento automóvel". "A maior área do que é hoje o parque de estacionamento será destinada a uma residencial universitária, para alunos e professores, e terá, ainda, uma zona comercial". O processo estará concluído, segundo o autarca, "no primeiro trimestre deste ano".