De todo, de todo, ainda não se arrependeu, mas quando vê que algumas das suas amigas que fizeram o 9.oº ano emigraram e hoje têm uma boa casa e ela, com 30 anos, continua a viver com os pais, a valpacense Márcia Marracho confessa que se pergunta: "De que me serviu andar estes anos todos a estudar?". Licenciada em Gestão, no Instituto Politécnico de Bragança, está desempregada há cerca de sete meses.
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Desde que terminou o curso, tem andado a saltar de emprego em emprego, com contratos de pequena duração. A maioria na Banca. "É área que gosto muito porque, além de se lidar com papéis, também se lida com pessoas e o tempo passa depressa", conta Márcia, que há meses não faz mais nada senão mandar curriculos. Muitos entrega-os pessoalmente. "Ainda há pouco fui a Chaves, corri os bancos um por um, pedi para falar com os gerentes e deixei o currículo". Até agora, nada! "Está muito complicado, porque a maioria das ofertas é para caixa e o problema é que agora pedem um certificado do curso de conhecimento de moeda e nota do euro, o qual só tem hipótese de tirar quem já estiver a trabalhar como caixa, porque é dado pela própria instituição. Não há outra forma de o tirar. Nem pagando", lamenta.
E tem pena, também, que ainda impere a lógica da cunha. "O meu avô tem lá muitas, mas são de madeira!", brinca Márcia, alegando que até lojas de roupa só empregam "por conhecimento".
Estes meses em que está em casa, serviram-lhe, no entanto, para aprender a poupar. Inscreveu-se em sites que oferecem vales de desconto e amostras grátis e evita compras à pressa. "Poupa--se muito!" , diz. E esperança? A frase é batida, mas é assim mesmo: "É a última a morrer", conclui. v