É numa acolhedora moradia de três quartos banhada pelo sol, numa zona recatada do centro da cidade dos jesuítas, que a ASAS - Associação de Solidariedade e Ação Social de Santo Tirso encontrou a casa que há muito procurava. Ali está a nascer uma nova resposta - a residência autónoma para jovens com deficiência - da instituição, que ao longo das três décadas que celebra neste ano acolheu quase 500 crianças em risco.
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O novo projeto, já aprovado pela Segurança Social e em fase de ajustes finais, surgiu de uma necessidade diagnosticada pela própria ASAS, que também recebe crianças e jovens com problemas a nível de saúde mental e lutava para poder continuar a acompanhá-los na transição para a fase adulta, através da medida de maior acompanhado.
"Esta casa foi pensada para três jovens que tínhamos em acolhimento, de 21, 22 e 25 anos, e que estavam inscritos para esta resposta há mais de 10 anos, mas que tiveram de sair para outra residência autónoma", por terem surgido vagas, recordam ao JN a diretora-geral da ASAS, Gilda Torrão, e a diretora dos serviços sociais, Maria do Céu Brandão, vincando que estes são "processos muito morosos" e que "as vagas [abertas] são pelo país inteiro".
Com projeto aprovado em 2019, a Residência de Autonomização e Inclusão (RAI) - na nova designação para a resposta social de Residência Autónoma - da instituição tirsense tornou-se possível graças à cedência de uma moradia por um empresário local, com quem foi celebrado um contrato de comodato pelo período de 15 anos. Tem capacidade para acolher três jovens.
"Esta casa tem uma grande e muito interessante particularidade: uma centralidade na cidade de Santo Tirso, com proximidade às estruturas da instituição, permitindo aos jovens manter os seus círculos relacionais, o que lhes dá segurança e confiança. Por isso lutamos muito por esta casa", explica Gilda Torrão, referindo que a valência abrange jovens que "têm grande funcionalidade".
De acordo com a legislação, "a RAI destina-se a pessoas com deficiência, com idade igual ou superior a 18 anos". Trata-se de "uma resposta de alojamento residencial temporário ou permanente, desenvolvida em apartamento, moradia ou outra tipologia de habitação similar, inserida em áreas residenciais na comunidade, destinada a pessoa com deficiência ou incapacidade, com capacidade de viver de forma autónoma, e tem por objetivo, mediante apoio individualizado, proporcionar condições para a concretização de um projeto de vida autónomo e inclusivo", lê-se, ainda, na Portaria nº 77/2022.
Realçando que "a ASAS tem na sua filosofia o trabalho de autonomia desde muito cedo", Gilda Torrão e Maria do Céu Brandão sublinham que "as respostas sociais [criadas pela instituição] advêm das necessidades sentidas no terreno". Os "novos desafios futuros são esta residência e solidificar as respostas sociais, atendendo ao que o novo paradigma de intervenção social implica, com adaptação aos novos desafios demográficos, à pandemia, saúde mental, populações desfavorecidas, transformação digital...", adianta a diretora-geral da ASAS.
Valências
Além das três casas de acolhimento para crianças e jovens em risco, onde já viveram 485 menores, a ASAS dispõe de dois apartamentos de autonomia. A instituição já acompanhou, ao longo dos 30 anos de existência, 935 pessoas nos dois CAFAP - Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental, o que representa mais de 500 famílias. Tem ainda um Gabinete de Ação Social e um Centro Comunitário.
Casas de acolhimento
São 56 as crianças e os jovens que vivem atualmente na ASAS, distribuídos pelas três casas de acolhimento temporário (Renascer, Raízes e Casa do Sol) e nos dois apartamentos de autonomia.