Mais de um ano depois de anunciada, a descida do preço da água em Gondomar continua por concretizar. Aliás, a concessionária, Águas de Gondomar, pretende mesmo aumentar a tarifa em 5,5% no próximo ano. A Câmara de Gondomar não aceita a decisão e informou esta terça-feira a empresa que vai impor unilateralmente a prometida redução de 16%.
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No entanto, isso só poderá acontecer no próximo ano. Para que a descida seja uma realidade, a Câmara terá de compensar financeiramente a Águas de Gondomar, conforme está estipulado no contrato de concessão.
A proposta da redução do tarifário vai a votação na próxima semana na reunião do Executivo, liderado pelo socialista Marco Martins. O autarca lamenta "ter esgotado a possibilidade de descer a tarifa da água pela via do acordo" com a Águas de Gondomar, e acusa a empresa de "má-fé" no desenrolar de todo o processo.
Foi Marco Martins quem, em julho do ano passado, anunciou a descida do preço da água, como trunfo da campanha eleitoral. Segundo contou na altura o autarca, "o processo de negociação com a empresa" havia começado "há dois anos e meio" e a fatura iria reduzir 16% a partir de janeiro de 2021. No entanto, em agosto deste ano, a medida continuava por implementar, alegando Marco Martins que "só faltava a empresa rescindir a dívida junto da banca e o parecer da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos".
Não prolonga concessão
Três meses volvidos, tudo continua igual, com a agravante de a empresa querer aumentar os preços. A Câmara parte, então, para a descida de preços de forma unilateral.
De acordo com o presidente da Câmara, a Águas de Gondomar justifica os "constantes atrasos com a rescisão da dívida junto da banca e com a mudança de um acionista". "Mas os gondomarenses não têm culpa disso", sublinhou, reforçando: "O Município não está disponível para prolongar a concessão da empresa", que está prevista terminar em 2031.
O JN questionou a Águas de Gondomar sobre o ultimato da Câmara, mas não obteve resposta.
Contactado pelo JN, o vereador do PSD Jorge Ascenção lembra que "esta foi uma promessa que estava prevista para janeiro", dando conta, ainda assim, que "a redução fica aquém". "Reparamos que no orçamento municipal há uma parcela de 23 milhões de euros que estão incluídos na rubrica "Outros" que podiam ser investidos nesta área", sublinhou.
Jorge Ascenção salientou ainda que "não faz sentido que Gondomar seja o quarto município do país onde a água é mais cara", admitindo que "esta redução é sempre bem-vinda". "É uma questão de prioridades e há muito que era uma reivindicação nossa", concluiu.
Já Cristina Coelho, vereadora da CDU, escusou-se a comentar "rumores". "Terei que questionar o Executivo sobre o assunto", disse.
População abrangida
Segundo Marco Martins, a redução de 16% na tarifa da água do primeiro e segundo escalões abrangerá "90% dos clientes". Feitas as contas, um agregado composto por um casal e dois filhos terá uma redução da fatura da água que pode variar entre os oito e os nove euros por mês.
Vila do Conde
Segundo a Deco, Vila do Conde lidera a lista dos concelhos onde o preço da água é o mais caro. Realidade que deverá mudar no próximo mês, estando previsto que a fatura desça 12 euros para 33.300 famílias, na sequência da renegociação do contrato de concessão com a Indaqua.