Melhores transportes e habitação a preço controlado são promessas de todos os candidatos à Câmara liderada pelo PSD/CDS, mas que não vai a votos com o atual líder.
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A necessidade de melhorar a oferta de transportes públicos e a carência de habitação a preços acessíveis foram assuntos quase consensuais entre seis dos sete candidatos à Câmara de Famalicão no debate que o JN promoveu, na quarta-feira, no Ateneu Comercial do Porto. Paulo Costa, candidato do BE, esteve ausente por motivos de saúde.
A insuficiência da rede de transportes no concelho foi um problema destacado por todos os que querem ganhar a Câmara. Mário Passos, candidato da coligação PSD/ CDS, que lidera o executivo (o atual presidente, Paulo Cunha, não se recandidata), disse que a Autarquia sempre quis ter mais tutela sobre os transportes, algo conseguido há dois anos. E acrescentou que recentemente foi aprovado um pacote financeiro de 54 milhões de euros para uma nova rede de transportes públicos rodoviários para resolver "definitivamente o problema dos transportes" no concelho.
Um projeto "anunciado em 2017, ano de eleições", aprovado em 2021, e que só se iniciará "no final de 2022", apontou Sandra Pimenta, cabeça de lista do PAN, que alertou para a necessidade dos autocarros serem elétricos e terem acessibilidades para cadeiras de rodas. O PAN defendeu ainda a elaboração de um plano municipal de acessibilidade e mobilidade.
Passe gratuito
Também Eduardo Oliveira, do PS, atenta que é necessário haver mais transportes públicos, "amigos do ambiente" e mais horários.
Propostas idênticas tem o candidato da CDU, Miguel Lopes."Há uma grande carência de transportes nas freguesias mais distantes da sede de concelho", afirmou, sugerindo o "passe gratuito para idosos e jovens" e o alargamento do funcionamento do Voltas.
Vítor Meira, que encabeça a lista do Chega, aponta para a redução do preço dos passes para reformados e jovens desempregados. Contudo, salvaguardou que a existência de mais transportes públicos não pode ser dissociada das vias de comunicação por onde estes devem circular.
De resto, José Bilhoto, candidato da Iniciativa Liberal, também apontou a "falta de infraestruturas rodoviárias" e notou que além da oferta "insuficiente", "as paragens não têm mapas, não têm horários, não têm as carreiras".
O PS quer ainda criar condições para o uso do táxi partilhado e uma aplicação para aceder a horários e localização do transporte.
"Os custos da habitação têm subido de forma exponencial com rendas elevadíssimas que os rendimentos não acompanham", notou Vítor Meira, que considera que a Câmara deve aproveitar os fundos europeus para construir casas a custos controlados por todo o concelho.
O candidato do PS defendeu a "habitação acessível" concretizada através do investimento em habitação com rendas a preços controlado e apoiar as famílias para que tenham acesso às mesmas, defendeu Oliveira.
Já Sandra Pimenta quer que existam "respostas de emergência" para sem-abrigo e vítimas de violência doméstica e a existência de apoios para arrendamento jovem e famílias monoparentais. Quer ainda o levantamento dos edifícios do município e devolutos que possam ser transformados em habitação.
O cabeça de lista da IL considera que mais do que um problema de habitação há um problema demográfico. Porque, diz Bilhoto, Famalicão é dos que têm o poder de compra mais baixo quando comparado com os concelhos vizinhos. Defende, por isso, que deviam pagar menos impostos.
O candidato da CDU, Miguel Lopes, acha que o problema pode ser resolvido com cooperativas de habitação a custos controlados.
Mário Passos lembrou o programa de apoio às rendas e obras do município, que quer alargar para o apoio à eficiência energética, vender terrenos do município a "custos mais acessíveis" e recorrer a parcerias para construir fogos para venda a custos controlados.
Divididos quanto à ampliação do Centro Tecnológico
Hortas urbanas tiveram de dar lugar àquela empreitada
Os candidatos à Câmara de Famalicão dividem-se quanto à ampliação do Centro Tecnológico Têxtil e Vestuário (CITEVE) nos terrenos das hortas urbanas, no Parque da Devesa, em Famalicão.
Mário Passos explicou que a "importância" do CITEVE foi "fundamental" para a decisão de devolver o terreno das hortas e autorizar a construção. Destacando a relevância do trabalho daquele centro, o candidato da coligação referiu que as hortas foram deslocalizadas e houve o prolongamento da cedência de terrenos.
O candidato da CDU e o cabeça de lista da Iniciativa Liberal mostraram-se favoráveis à construção. "O terreno é do CITEVE, por isso tem todo o direito de fazer a obra", afirmou Miguel Lopes. Já José Bilhoto considera que o processo não foi bem explicado às pessoas.
Eduardo Oliveira defendeu o "diálogo" com a comunidade e entidades e ação "ao encontro de todos". Enquanto a candidata do PAN e Vítor Meira acusaram os partidos de terem sido "coniventes" com a decisão por terem votado a favor ou por se terem abstido na proposta relacionada com o assunto. Mostraram-se reticentes quanto à forma como decorreu o processo e quanto à construção.