O receio pela presença de milhares de pessoas provenientes de todo o país nas ruas da Amora em torno da Festa do Avante, em acampamentos nos parques de estacionamento, a dormir nos carros, ou simplesmente de passagem, leva os comerciantes da zona a fechar as portas e os moradores a procurar abrigo noutro local.
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Os que ficam, como o caso da jovem Ana Oliveira, vão fechar-se em casa. "Os meus pais vão embora para o Porto, mas eu vou ficar com poucos amigos dentro de casa e não vamos sair", garante ao JN.
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A jovem de 22 anos que tinha por hábito ir à festa, não percebe como é que o evento se vai realizar em segurança perante o perigo de transmissão de covid-19 e, por isso, não irá. Mas o que mais a preocupa é tudo o que acontece em redor. "Os que não acampam na festa costumam dormir em tudo o que é sítio e já tive pessoas noutros anos a dormir nas escadas do meu prédio".
Cerca de 40 comerciantes na Amora, junto à entrada da festa, vão fechar as portas no fim de semana, como é o caso de Maria Carvalho, 57 anos, proprietária do restaurante Rota dos Petiscos. "Fecho por três dias para não ter de ser obrigada a fechar por três semanas". A seixalense recusa o caráter político deste "protesto" e diz que o faz pela "reflexão dos perigos para a saúde pública que a festa acarreta.
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A comerciante diz ser alvo de pressões nas redes sociais. "Há pessoas que nunca vieram ao restaurante a lançar comentários negativos nas páginas do restaurante, talvez sejam perfis falsos", lamenta. José Carlos Pereira, proprietário da imobiliária Domus Baía, vai fechar o estabelecimento pela saúde dos colaboradores. "Afinal, partilham os mesmos espaços de restauração que os participantes da festa que procuram o comércio local".
Foi ainda agendada uma marcha de protesto contra a Festa do Avante para quinta-feira, mas os moradores e comerciantes contactados pelo JN mostram-se contra e não vão participar, uma vez que "não é com ajuntamentos que se protesta contra ajuntamentos", dizem.
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