A Biblioteca Popular de Pedro Ivo, no Porto, reabriu ao público na manhã desta quinta-feira com a mesma vocação com que foi criada, há 75 anos: é um espaço dedicado ao público infanto-juvenil. O edifício localizado na Praça do Marquês faz agora parte do projeto camarário Biblioteca Errante e dispõe de cerca de mil livros para consulta.
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No renovado espaço será também possível requisitar livros para ler em casa, tanto desta biblioteca como de outras. Na sessão que marcou a reabertura, propositadamente agendada para o Dia Mundial da Criança, foi também apresentado o projeto Cor(p)o de Intervenção - Coro Intergeracional e Multicultural da Palavra Dita, que saiu vencedor de um concurso de ideias para dinamização da biblioteca do Marquês. É um coletivo de intervenção poética que irá trabalhar a partir do cancioneiro do Porto atualizado.
Jorge Sobrado, diretor do Museu e Bibliotecas do Porto, referiu que a reabertura do espaço significa um "compromisso com o presente", no sentido de as bibliotecas serem "casas abertas", locais de encontro dos leitores com os livros e também dos investigadores com as suas fontes. A propósito do programa Biblioteca Errante, anunciou a criação de novos espaços temáticos, nomeadamente na Casa Marta Ortigão Sampaio e no Museu do Vinho do Porto, além da reabertura da antiga casa da Fundação Eugénio de Andrade.
Na cerimónia, Rui Moreira, presidente da Câmara, referiu que o encerramento da Biblioteca Pública Municipal "é um imperativo" para a salvaguarda do património, uma vez que o edifício em que está instalada, um antigo convento franciscano construído no século XVIII (junto ao Jardim de S. Lázaro), apresenta "patologias estruturais muito sérias". Adiar a obra, acrescentou, significaria "um enorme prejuízo", em tempo e dinheiro.
O calendário para o encerramento da biblioteca e para a transferência de documentação e outros bens do acervo (além do mobiliário), para dois armazéns na zona de Campanhã, está a ser revisto e será apresentado em breve, segundo Jorge Sobrado. Em fevereiro passado, a Câmara previa que a obra de requalificação do imóvel, cujo projeto é da autoria do arquiteto Eduardo Souto de Moura, arrancasse no início do próximo ano.
A propósito desta intervenção, Rui Moreira anunciou ter aprovado, na manhã desta quinta-feira, um pacote de 15 medidas para mitigar os efeitos do encerramento temporário da Biblioteca Pública Municipal. Proximidade, identidade e digitalização são os eixos em que o plano assenta. Uma das prioridades é a salvaguarda e acesso ao fundo de periódicos históricos, em particular "os que maior relevância têm na história e na investigação sobre a cidade do Porto e a região do Porto", como referiu à Lusa Jorge Sobrado.
Outra das medidas será a criação de uma "linha azul" para investigadores, com atendimento dedicado que permita agendamentos para consulta de documentação em 24 horas. Por outro lado, o horário da Biblioteca Almeida Garrett será alargado a partir de outubro, haverá um reforço do apoio às bibliotecas escolares e, por fim, será criado um fundo local dedicado a autores do Porto.