"Seria um grande sonho voltar a ter a Ordem de Cister aqui, entre nós", partilhou D. Jorge Ortiga, durante a cerimónia no santuário de Nossa Senhora da Abadia, Amares, em que participaram, domingo, abades dos mosteiros cistercienses de Santo Isidro, de Dueñas e de Oseira, em Espanha, acompanhados por alguns monges.
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A cerimónia terminou com o canto do Magnificat, D. Juan Javier Hernandez, abade de Santo Isidro de Dueñas, mosteiro maior de Espanha que tem cerca de 40 monges.
"Viemos rezar como se fazia aqui há oito séculos, neste tempo em que precisamos viver e sentir o coração. Falamos de uma vivência e não só de uma ideia", vinca Juan Javier Hernandez. Remontam há muitos anos os contactos da arquidiocese de Braga, para que os "monges brancos" voltem a ocupar os quartéis do santuário de Nossa Senhora da Abadia, em Amares.
"Já voltámos a África e à América Latina, para refundar mosteiros, mas a Portugal nunca mais voltámos. Por mim, vinha já para cá, com dez monges", diz Juan Javier Hernandez, que lembra a grande procura destes espaços: "Todos os dias temos de dizer não a muitos pedidos que nos chegam, de pessoas que querem passar momentos de retiro. Em Santo Isidro, a comunidade tem capacidade para acolher dez pessoas em retiro, mas é crescente o número de pessoas que procuram "tempo para o silêncio e para pensar na sua vida".
Usualmente remetidos à clausura, este abade lembrou a necessidade destes atos públicos, "na partilha da oração", reconhecendo que "faz falta a presença dos monges nos mosteiros cisterciense". Da mesma opinião comunga D. Jorge Ortiga que, na cerimónia, viu mais que uma evocação histórica, para vincar a necessidade das ordens contemplativas, "fundamentais na História da Igreja, assumem particular atenção pela influência que tiveram e têm no desenvolvimento dos povos".
Assim, o arcebispo de Braga convidou a "saborear a alegria do silêncio para, com olhos novos ver o mundo e mudá-lo". Enquanto não se formaliza o regresso dos monges à Abadia, D. Jorge pretende aprofundar a relação com a ordem, promovendo cerimónias litúrgicas, em que o canto gregoriano impera, nas igrejas de Braga.