Os Bombeiros Voluntários de Camarate, em Loures, estão em greve desde sábado para exigir a demissão do comandante, Jorge Fernandes, a quem acusam de perseguir alguns subordinados, disse este domingo à Lusa o presidente da corporação.
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Os cerca de 30 bombeiros voluntários que compõe a corporação de Camarate, que serve perto de 18 mil pessoas, apenas admitem sair para as situações de urgência mais graves até que o comandante Jorge Fernandes peça demissão do cargo que exerce há cinco anos.
Desde sábado, no quartel encontram-se apenas dois elementos da equipa de emergência, um telefonista e os elementos de direcção.
Devido a essa situação, muitas situações de emergência ocorridas na área de actuação desta corporação estão a ser acudidas por bombeiros de outras corporações.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros de Camarate, António Perna, explicou que esta greve é o culminar de cinco anos de" perseguições, ameaças, descriminações", e, em alguns casos de "assédio" a elementos femininos da corporação.
"Este comandante tem um espírito ditador. É na base do quero posso e mando. Desde que é comandante nesta corporação já provocou a saída de 90 bombeiros", referiu António Perna.
O presidente dos bombeiros de Camarate sublinhou que não existem condições no quartel para a continuidade do comandante Jorge Fernandes e apelou à Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) que resolva o caso o mais rapidamente possível.
"Ninguém quer ficar cá. Em tempos já tivemos mais de uma centena de bombeiros voluntários e hoje restam três dezenas. Se isto continuar assim corremos o risco de ter de encerrar portas", alertou.
Luísa Silva, 40 anos, faz parte do grupo de cerca de 90 bombeiros que decidiu sair por divergências com o comandante, depois de 12 anos de serviço.
"Optei por sair porque senti que já não estava a fazer nada aqui. Ele [comandante] é um homem que persegue muito e nunca está satisfeito com nada. Quando embirrava com alguém ia até ao fim para conseguir despachar essa pessoa", contou.
Neste momento está em curso um abaixo-assinado para exigir a demissão do comandante, mas estão previstas mais formas de luta.
"Estamos dispostos a ir até às últimas consequências para resolver esta situação. Se durante a próxima semana não tivermos uma resposta iremos pedir audiências ao secretário de Estado da Administração Interna, aos grupos parlamentares e à Associação de Profissionais dos Bombeiros", adiantou António Perna.
A agência Lusa tentou contactar com o comandante dos Bombeiros de Camarate, Jorge Fernandes, mas sem sucesso.