<p>Há cerca de 20 anos que S. João da Madeira ocupa posições cimeiras em diferentes indicadores que, de forma global, apontam para qualidade de vida. Mas nem todos estão convencidos disso e se há palmas para o parque escolar, há apupos para o desemprego.</p> <p> </p>
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O parque escolar renovado com três secundárias e um quarto em construção, a que se juntam nove escolas do primeiro ciclo, é o facto que mais unanimidade reúne quando se fala em condições excepcionais para viver, atribuídas a S. João da Madeira, o concelho mais pequeno do país.
As acessibilidades, os transportes públicos, os espaços verdes e até o poder de compra são outros dos itens que os sanjoanenses apontam como referência quando questionados sobre a qualidade de vida na cidade.
“A cidade tem evoluído bastante. É moderna. A indústria é que é um pouco mais fraca do que noutros tempos”, afirma António Couto, frequentador habitual do centro da cidade. “Enquanto há cidades sem rede de saneamento e de água, nós já estamos a substituir condutas porque já existem há muitos anos” diz José Costa.
Mas não falta também quem questione a alegada qualidade de vida acima da média nacional, como ainda recentemente foi evidenciado num estudo do Instituto de Tecnologia Comportamental em parceria com o semnanário Sol.
“Penso que esses dados são especulação. Não temos essa qualidade de vida. Estou em S. João da Madeira há 50 anos e tenho a certeza que já se viveu”, considera Abel Brandão, comerciante na zona central da cidade. "Fecharam muitas fábricas no concelho e há muito desemprego. O centro urbano está cada vez mais abandonado, num caos. Se há essa qualidade de vida, não vejo”, afirmou.
Mas as preocupações e lacunas não se ficam apenas pelos comerciantes, que vêem os negócios com menos clientes, nem pelos industriais que aludem ao fecho contínuo de empresas, muitas ligadas ao calçado. E não faltam referências às conhecidas Oliva e Sanjo.
Outros pontos negativos prendem-se com maus cheiros provenientes das fábricas de transformação de subprodutos animais que invadem a cidade. “Que qualidade de vida pode ter quem vive sufocado pelo mau cheiro proveniente do concelho vizinho [Santa Maria da Feira]?”, interroga o morador Joaquim Silva.
Entre os vários moradores ouvidos pelo JN, há, ainda, quem critique o aumento de toxicodependentes na cidade.