Bruno Maia candidata-se pelo Bloco de Esquerda à Câmara de Gondomar. Tem a ambição de conseguir eleger nestas autárquicas "um vereador ou mais".
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Engana-se quem pensa que o facto de trabalhar em Lisboa é uma desvantagem. Como disse ao JN o próprio Bruno Maia, candidato do Bloco de Esquerda (BE) à Câmara de Gondomar, este é o concelho que "melhor" conhece e, por isso, pretende contribuir para retirar a maioria absoluta ao PS.
Foi o lado emocional, da família, que o fez candidatar-se a Gondomar?
Seguramente. Apesar de não morar atualmente em Gondomar, foi onde passei 25 anos da minha vida. E nunca se sabe o futuro e se não volto a lá parar. Mas depois há as razões políticas. O projeto do Bloco para Gondomar é muito claro e muito simples: conseguir eleger um vereador ou mais e que isso signifique colocar em causa a maioria absoluta do PS na Câmara.
Se isso acontecer, assumirá o cargo?
Se acontecer, claro que vou assumir o cargo.
Qual é a sua relação com o concelho?
A minha relação com o concelho é a família. É o concelho em que - além de Lisboa, onde moro e trabalho - estou mais vezes. Não diria que é a minha segunda casa, porque no fundo é a primeira. É uma relação total e o concelho que conheço melhor.
Defendemos a rescisão de contrato com a Águas de Gondomar
Que principal problema aponta a Gondomar?
É difícil selecionar um, mas a queixa que mais ouvimos das pessoas é o preço da água. Além disso, a Águas de Gondomar tem problemas gravíssimos com as ETAR. Estamos perante crimes ambientais reiterados e esse problema tem de ser resolvido . O que defendemos é a rescisão do contrato com a Águas de Gondomar e que a Câmara faça o mais importante: que municipalize este serviço.
Que outros temas promete levar para a campanha?
A falta de habitação é um problema. Há uma série de bairros maltratados e que precisam de ser priorizados. E depois os transportes, porque há já muitos anos que ouvimos falar da Linha do Souto. Há também problemas de transporte no alto concelho, em que há imenso território muito mal servido. As populações mais pequenas deviam ter direito a pedir um transporte da Câmara para deslocações essenciais.
Apresentou a candidatura junto ao cavalete do poço de S. Vicente, em S. Pedro da Cova. Que simbolismo tem este lugar?
Primeiro, há um simbolismo pessoal: o candidato é daquela terra. Mas há um sinal importante: este é o património histórico mais significativo de Gondomar e há que preservá-lo.
A governação do PS pecou, sobretudo, por estar em maioria absoluta
O material de guerra encontrado em S. Pedro da Cova é mais um revés na retirada dos resíduos perigosos?
É seguramente mais um revés num processo que já vai longo. O que aconteceu ali foi um desrespeito pela população. Mas há uma urgência, que é retirar aquilo.
Como caracteriza oito anos de mandato do PS?
Houve melhorias desde o tempo de Valentim Loureiro, que foi um desastre. Não negamos que tenha havido intervenções, sobretudo na área do ambiente, que melhoraram. Mas há muita coisa que já devia ter sido feita. A governação do PS pecou, sobretudo, por estar em maioria absoluta, por ter-se tornado arrogante e afastado daquilo que são as preocupações da população.
Perfil
É médico especialista em Neurologia e Medicina Intensiva no Centro Hospitalar de Lisboa Central, dedicando-se ao diagnóstico e tratamento do acidente vascular cerebral e coordena a doação de órgãos para transplantação. Elemento do movimento "Direito a morrer com dignidade", é sócio fundador do Observatório Português de Canábis Medicinal.
Idade: 39 anos
Profissão: Médico
Residência: Lisboa
Família: Os pais e o irmão vivem em S. Pedro da Cova
O melhor do concelho: património histórico: as minas de carvão e a ourivesaria; faceta urbana e rural do concelho
O pior do concelho: distribuição e preço da água; poluição dos rios
