Há quem os deite ao lixo, quem faça coleção "de multas" ou quem continue a pôr talão de pagamento no carro para evitar os avisos de pagamento.
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O Município de Valongo anunciou, no início do ano, que vai resgatar as concessões do estacionamento à superfície em Valongo e Ermesinde, invocando "interesse público", e proibiu a empresa de fiscalizar, alegando que os seus funcionários não têm equiparação a agentes da autoridade administrativa. Mas a concessionária continua a realizar "ações de vigilância" e a colocar os respetivos avisos.
A população está confusa e garante que a "caça à multa" continua. Ana Ferreira fez ontem o teste. Deixou o carro no estacionamento pago e não pôs talão. Quando regressou, tinha um aviso. "Foi dito que já não ia haver fiscalização da empresa, mas continuam a multar. Hoje, estacionei aqui para ver. Estas multas não são válidas, não vou pagar e vou contestar", garantiu. Quem também não paga é Maria Loureiro. "Esta semana, não coloquei talão e não vou pagar as multas. Não somos contra os parquímetros, mas contra esta tolerância zero. Continua a marcação cerrada", diz a comerciante.
"Isto é mesmo caça à multa. Ainda pus talão hoje e já os vi a multar pessoas. A Câmara diz que devemos chamar a Polícia, mas anda aí uma confusão", critica Catarina Almeida. O comércio, sustenta, "morreu". "As pessoas fugiram para não apanhar multas", lamenta
Depois, há quem tema o que pode acontecer se não pagar. "Vi nas redes sociais que não podem cobrar, mas tenho visto os funcionários a colocar as multas. Coloquei moeda por receio", explica Dulce Martins. "Na dúvida, coloco o talão, assim não me chateio. Mas as pessoas não sabem o que fazer", assume Simão Silva.
Taxas devem ser pagas
A Parque Ve, concessionária, alerta que "continuará a cobrar os preços devidos pela utilização dos lugares pagos concessionados, com colocação de avisos de pagamento, de acordo com os contratos de concessão e regulamento municipal", tendo já apresentado um recurso à decisão do Município. Sustenta que não se justifica a proibição da Câmara, que é "ilegal e inválida" e da qual exige a nulidade.
Já a Câmara garante que a empresa "não pode continuar a fiscalizar" e que "os avisos de pagamento que emitir não são válidos". "O Município está a utilizar todos os meios e instrumentos jurídicos ao dispor para impor o cumprimento da ordem dada à concessionária", refere. Destaca, no entanto, que a fiscalização será feita pela autarquia até ao processo de resgate estar concluído e que as taxas de estacionamento devem ser pagas.