Se não for a bem, vai a mal. Ontem, a população de Vizela saiu à rua para o gritar ao proprietário das termas. Câmara ameaça mesmo expropriá-lo, alegando Interesse Municipal, para que a estância volte a dar vida ao município, ameaçado de cair no marasmo.
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Mais de 2000 pessoas juntaram-se, ontem, em Vizela pela reabertura das termas. Organizada pela associação de comerciantes, a manifestação uniu políticos, de todos os partidos, e população, levando ao encerramento de quase todo o comércio que, na porta, ostentava um cartaz com a frase "Fechado pelas Termas".
Dinis Costa, o socialista que preside à autarquia, afirmou que, caso não haja um entendimento com os accionistas da Companhia dos Banhos de Vizela, dona das Termas, a câmara avançará judicialmente. "Se as termas não reabrirem, a câmara vai avançar para a expropriação dos edifícios evocando o Interesse Municipal", afirmou Dinis Costa, presidente da câmara de Vizela. Além dos edifícios, a autarquia vai ainda pedir a prescrição e a anulação dos alvarás de concessão das águas sulfurosas aos accionistas que, detendo a licença de exploração das águas, encerraram o espaço. "Estamos neste processo de boa-fé mas não podemos esperar mais: ou as termas reabrem ou avançamos com outras medidas", referiu.
Durante a concentração, foi efectuado um abaixo-assinado entregue, após uma manifestação pelas principais ruas vizelenses, a uma representante das termas. "A solução passa pela criação de uma empresa municipal ou por responsabilizar a autarquia pelo funcionamento das termas", referiu Agostinho Lopes, deputado comunista eleito por Braga e presente na acção de protesto.
O balneário termal e o Hotel Sul Americano, propriedade da Companhia dos Banhos de Vizela, encerraram há cerca de um ano, despedindo funcionários e "afastando" os turistas. Desde essa altura que a autarquia e a empresa que tem a concessão mantêm um diálogo, até agora, infrutífero. "Estamos cheios de intenções. Queremos factos e assinaturas", salientou Dinis Costa. "Estamos a trabalhar na reabertura das termas mas, dada a actual conjuntura económica, não é fácil. Mas as termas vão reabrir, se não for daqui a seis meses, será daqui a um ou dois anos", disse, por telefone, Carlos Coutinho, representante da maioria do capital da Companhia dos Banhos de Vizela.
"A água das termas, que corre por baixo das nossas ruas, é do povo de Vizela e não é de nenhum particular", finalizou Manuel Campelos, ex-autarca e um dos responsáveis pela criação do concelho de Vizela.
