A câmara de Mirandela deve avançar, em Fevereiro, para a operação de captura de cerca de 200 cães selvagens nas imediações do aterro sanitário da Terra Quente, em Urjais (Frechas), após denúncias de ataques a agricultores e rebanhos de gado. Autarca garante que não está previsto abate dos animais.
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Há um mês, a operação tinha sido autorizada pela Direcção-Geral de Veterinária (DGV), mas acabou por ser cancelada porque a GNR recusou participar alegando tratar-se de uma intervenção ferida de legalidade, tendo em conta que o edital admitia a possibilidade de abater os animais.
Apesar deste revés, o presidente do município entende que este é um assunto prioritário que não deve ser descurado.
"Não vamos virar as costas à resolução deste grave problema de saúde pública e de insegurança", afirma António Branco. "Estamos a contactar várias entidades e a esclarecer alguns problemas e vamos apresentar um plano de intervenção que possa começar a resolver de uma forma faseada este caso complicado", acrescenta o edil.
Agora, o plano de acção passa pela captura dos animais que depois serão encaminhados para o canil intermunicipal da Terra Quente e submetidos a exame clínico do médico veterinário municipal.
Só depois será possível determinar a quantidade de animais que estão em condições de seguir para adopção, e aqueles que terão de ser abatidos de acordo com as normas vigentes e o tratamento dos cadáveres a ser efectuado na unidade de incineração, que também integra o espaço do canil intermunicipal.
O presidente do município mirandelense considera que, há um mês atrás, a operação foi mal interpretada e acabou por desvirtuar os reais objectivos a que se propunha.
"A solução do abate seria sempre a última alternativa e quem a previa era a Direcção-Geral de Veterinária, porque a câmara não tem armas, nem pistoleiros, apenas uma viatura e uma rede para recolher os animais vadios", explica António Branco.
Tudo indica que o plano de acção venha a ser implementado pelo município no mês de Fevereiro, dado que a DGV não assumiu até agora a liderança na resolução deste problema.
"Até ao momento não tive qualquer contacto da DGV para realizar esta acção, a única coisa que tivemos foram recomendações. Pelo que vamos elaborar um edital para a captura dos animais", assegura o autarca.
Há mais de três anos, que chovem denúncias na câmara de Mirandela e na DGV para a necessidade de por termo a ataques a pessoas e a animais, por parte de matilhas de duas centenas de cães assilvestrados, que deambulam em aldeias dos concelhos de Vila Flor e de Mirandela.
Vários agricultores até já têm medo de ir trabalhar para as suas terras com receio de serem atacados. A matilha também tem feito a vida negra aos funcionários do aterro sanitário que muitas vezes á noite não conseguem sair e descarregar os carros do lixo devido ao número de animais que os cercam.
Os alimentos que encontram no aterro sanitário - recebe o lixo de todo o distrito de Bragança e ainda de Vila Nova de Foz Coa - terá estado na origem desta matilha que se foi reproduzindo de forma incontrolável.
O Centro de Recolha Oficial Intermunicipal de Animais de Companhia da Terra Quente Transmontana com Unidade de Incineração, está instalado junto ao Aterro Sanitário, em Urjais, e pertence à Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana (Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Macedo de Cavaleiros, Mirandela e Vila Flor).
O edifício do Canil dispõe de 12 celas destinadas a cães errantes, com capacidade para cerca de 70 cães, três celas especiais para canídeos suspeitos (quarentena) e ainda espaços destinados a acondicionamento de gatos, nas mesmas circunstâncias, em jaulas adequadas.
A estrutura anexa ao canil é composta por uma Unidade de Incineração de baixa carga, onde são tratados os cadáveres de animais de companhia provenientes do Canil Intermunicipal, de outros canis públicos e privados, de clínicas veterinárias ou domicílios particulares, recolhidos na via pública, e ainda os subprodutos animais provenientes dos aviários e cuniculturas.