A Câmara do Porto vai levar à próxima assembleia municipal uma proposta de venda da ex-Escola do Gólgota e do prédio onde esteve instalado o Centro Regional de Artes Tradicionais, mas o PS e o BE criticam a operação.
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A alienação dos dois edifícios, aprovada em reunião camarária, com o voto contra do PS e abstenção da CDU, faz parte da ordem de trabalhos da reunião extraordinária da Assembleia Municipal do Porto, marcada para segunda-feira, dia 2.
"Vender aquilo porquê? Eles estão numa de vender alguns dos imóveis municipais com melhor localização, a qualquer preço. Deviam aproveitar para os pôr ao serviço da cidade", afirmou à Agência Lusa o líder do grupo municipal do BE, José Castro.
O eleito bloquista considera que esses imóveis "podiam ter outras utilizações", como por exemplo "residências de estudantes universitários".
O socialista Gustavo Pimenta também lamenta que a Câmara "insista em vender património, sobretudo aquele prédio na Rua da Reboleira", onde durante anos funcionou o Centro Regional de Artes Tradicionais (CRAT).
"A Câmara podia desenvolver ali projetos de natureza social e a Escola do Gólgota, um edifício magnífico, se calhar, dava para um espaço museológico", exemplificou.
Para Gustavo Pimenta, a opção por vender os dois imóveis indicia que, "provavelmente, as finanças da Câmara estarão muito mal".
Se o PS e o BE vão votar "contra" a proposta de alienação dos dois prédios, a CDU vai abster-se nestes pontos e nos que dizem respeito à venda de dois terrenos situados em Aldoar.
"A Câmara está, de facto, com dificuldades financeiras, e por isso toca a vender. Mas é muito má altura para o fazer e por este motivo é que a maior parte dos concursos ficam desertos", referiu à Lusa o deputado Artur Ribeiro, da CDU.
Em seu entender, "era preferível a Câmara aguentar e pedir um empréstimo bancário".
O social-democrata Paulo Rios disse não ter percebido "por que razão votou o PS contra" a venda dos dois edifícios referidos.
Referiu, ainda, que as receitas que vieram ser obtidas podem servir para "baixar o passivo municipal e até para investimento".
Os deputados irão debater, também, a proposta para "Delimitação da Área de Reabilitação do Centro Histórico do Porto" e Artur Ribeiro adiantou que vai "aproveitar para falar da requalificação da Baixa, que está uma desgraça".
"É um fiasco porque o modelo de funcionamento da Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto falhou. O que se fez é muitíssimo pouco comparativamente com o que foi prometido", reforçou.
Artur Ribeiro sustentou que o modelo fracassou porque se espera muito dos "privados" e estes apenas investem em troca de um "retorno rápido".
"Ou há mais dinheiro público ou então nunca mais resolve o problema", completou.
O PS acredita que "esta proposta faz todo o sentido" e tenciona votar "a favor", mas por outro lado pergunta: "Quando é que se começa a recuperar a cidade fora do centro histórico"?
Gustavo Pimenta que, nesta matéria, a Câmara demonstrou "uma inércia total".
Paulo Rios revelou, entretanto, à Lusa que o seu partido vai requerer a realização de uma reunião extraordinária da Assembleia sobre o tema educação, até porque "a oposição não está atenta" aos grandes problemas da cidade.
"Se a oposição fosse melhor, quiçá também fôssemos melhores", criticou.