<p>O óleo usado nos restaurantes de Baião está a ser transformado em biodiesel. A Câmara quer vender o combustível (mais barato do que o gasóleo normal) aos municípios vizinhos, para abastecimento das respectivas frotas. </p>
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O projecto de transformação de óleos usados em combustível é desenvolvido nas oficinas da Autarquia, através de uma parceria com uma empresa privada. O projecto, anunciado há já quatro anos, só agora teve luz verde da Administração Central, mas a perspectiva é de crescimento.
Marco de Canaveses, Amarante, Resende, Cinfães e Mesão Frio foram municípios que, na fase de licenciamento do projecto, declararam interesse em abastecer as respectivas frotas com o biodiesel produzido em Baião. Refira-se que a comercialização deste tipo de combustível está vedada ao público. Qualquer produção tem de ser comunicada obrigatoriamente à Direcção-Geral de Alfândegas num prazo de 24 horas.
O projecto encontrou diversas dificuldades de licenciamento, admitiu, ao JN, o presidente da Câmara de Baião, José Luís Carneiro, após, simbolicamente, ter abastecido uma viatura da Câmara com o biodiesel.
Cada litro daquele combustível custa 79 cêntimos, cerca de 30% menos do que o gasóleo tradicional. A produção é levada a cabo pela Enercalis, num investimento que ronda os 50 mil euros. "O grande problema é estar parado. Estivemos mais de três anos parados, sem saber se podíamos ou não rentabilizar o investimento", disse Eduardo Leite, administrador da Enercalis.
Além da poupança monetária, o reaproveitamento dos óleos usados resgata este material poluente às condutas de saneamento, o lhes dá anos de vida.
"Em primeiro lugar vamos evitar a descarga dos óleos domésticos nas condutas de saneamento e nas águas superficiais. Além disso, permitirá economizar recursos financeiros da Autarquia na despesa com combustíveis convencionais", explicou ao JN, o autarca baionense.
O biodiesel resulta de um processo de filtragem de óleo alimentar usado, ao qual é acrescentado metanol, daqui resultando um combustível, denominado B30, que pode ser utilizado por qualquer viatura com motor a gasóleo.
A "matéria-prima" deste combustível é recolhida por uma outra empresa privada nos restaurantes do concelho. O objectivo agora é estender essa recolha não só aos restantes municípios, mas também às escolas e a residências. Para isso, será necessária a instalação de mais depósitos de recolha do óleo, os oleões.
Se o mercado do biodiesel prosperar, poderá significar o regresso ao cultivo de terras actualmente abandonadas, para aí se produzir matéria-prima (como cereais, amendoim ou beterraba) para a produção deste tipo de combustível.