Dar voz a quem dela necessita permitiu abrir novas janelas a muitos para quem as portas pareciam ter-se fechado.
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A proximidade com os leitores - o ADN de sempre do JN - voltou a ser um "trunfo" em 2022. Após verem as suas histórias relatadas nas nossas páginas, muitos conseguiram ajudas que pareciam inalcançáveis. Relembramos aqui algumas, com a certeza de que, no ano que hoje começa, vamos continuar ao lado de quem mais precisa de ter voz.
porto
Reerguer casa ardida com apoios
Quando, a 11 de março de 2021, as chamas engoliram a casa de Adelina, o desespero apoderou-se da família, que, sem seguro do imóvel e com parcos recursos económicos, se viu a braços com várias despesas e nenhuns meios para reconstruir a habitação, entretanto arrestada pelos vizinhos. A 23 de outubro, o JN relatou a luta de Isabel, a neta de Adelina, para tentar reerguer a casa, situada no Largo da Lapa, no Porto, e alguns donativos recebidos após a publicação da notícia devolveram a esperança à família, que também se debate com o processo judicial referente ao arresto do imóvel. Para ajudar a Adelina e a neta, há uma campanha solidária em curso nas redes sociais Facebook (Como conheci a Adelina) e Instagram (How I met Adeline).
vila nova de gaia
Pipinho com ajuda para as terapias
Para ajudar a pagar as terapias do irmão, Filipe - ou Pipinho, como também é conhecido o rapaz de 17 anos, de Avintes, Gaia, que tem uma doença genética rara e não anda, não fala nem vê -, Daniela grava medalhas e estampa camisolas por encomenda. No passado dia 21, o JN publicou uma reportagem sobre o trabalho da jovem de 21 anos, o que gerou um aumento do número de pedidos, permitindo fazer chegar mais ajuda a Pipinho, como revelou o pai dos dois jovens, Nélson Ferreira. Para melhorar a condição física, o rapaz, que nasceu com síndrome de Norrie, precisa de terapias intensivas que custam cerca de dois mil euros mensais. Mas, por mês, a família Ferreira conta apenas com pouco mais de 700 euros do ordenado de Nelson, e vai fazendo face às despesas graças à solidariedade que chega através da página de Facebook "Todos juntos pelo Filipe Ferreira".
santo tirso
Tratamento nos Estados Unidos
As férias de verão de Luís Miguel Cardoso transformaram-se num pesadelo quando, no final de agosto, sofreu um aneurisma cerebral nos Estados Unidos. O tratamento urgente que o professor de Educação Física de Santo Tirso, com 53 anos, teve de receber num hospital central em Nova Iorque, onde foi submetido a duas cirurgias e esteve internado até 8 de setembro, atingiu astronómicos 150 mil euros, que o seguro de viagem não cobria. Sem ter como pagar o montante avultado, a família criou uma página solidária no Facebook, a que chamou "Vamos ajudar o Luís Miguel", e lançou um apelo, para que todos colaborassem. O JN noticiou o caso, e a onda solidária que se agigantou permitiu reunir a verba necessária, deixando o professor "muito agradecido e sensibilizado".
valongo
Bebé com pé boto recebeu botinhas
Mateus veio ao mundo na segunda metade de fevereiro, com pé boto bilateral - os dois pés totalmente virados para dentro -, uma deformidade corrigível através de intervenção médica e utilização de botas adaptadas. Ainda a habituar-se a ver o pequeno bebé com as pernas totalmente engessadas, e confrontados com a necessidade de adquirir calçado especial, os pais do menino, que residem em Ermesinde, Valongo, e têm poucos recursos económicos, lançaram uma campanha solidária, através do Facebook. O JN noticiou o caso no início de abril, e foram doadas botas adaptadas ao bebé. A par dos cuidados clínicos, o calçado específico para esta problemática vai permitir que, um dia, Mateus venha a caminhar normalmente.
braga
Recebe cartão de ex-combatente
Mário Vilaça, bracarense com 77 anos, foi combatente em Moçambique, entre 1968 e 1970. Por isso, em outubro do ano passado, decidiu avançar com o pedido de emissão do cartão de antigo combatente, que desde 2020, garante direitos aos cidadãos que estiveram na guerra. O genro, Tiago Ferreira, tratou do processo, mas ao fim de quase nove meses sem receber respostas, decidiu denunciar a situação. O JN partilhou o caso a 3 de julho e, nesse mesmo mês, o cartão chegou à casa do idoso. Na altura, o Ministério da Justiça justificou o atraso com o grande número de processos que tinha em mãos. Até ao final de junho, já tinha analisado e tratado "385 mil". Resposta que não convenceu Tiago Ferreira. "Ninguém deu nove meses ao meu sogro para se preparar para ir para a guerra", criticou.
braga
Tratamentos para menino autista
Alexandre tem três anos, vive em Braga e é autista. Como tal, precisa de tratamentos numa clínica, que custam 700 mil euros por mês. Em 2022, e graças ao apoio de muitos cidadãos anónimos e de empresas, após uma notícia do JN, os pais, ela com 24 e ele com 26 anos conseguiram angariar o dinheiro. Mas a verba acabou e, em novembro, o último pedido público de fundos reuniu apenas 850 euros, o que não chega para as terapias. O casal tem mais três filhos e a mãe disse ao JN que a Segurança Social só dá apoio se a criança tiver um atestado multiusos, o que não consegue ter porque "as juntas médicas estão mais de um ano atrasadas".
S. João da Pesqueira
Apoios para reaprender a andar
É com a solidariedade que Marta Nogueira tem contado para reaprender a andar, uma luta que trava desde que teve alta hospitalar, após ser baleada pelo ex-namorado, em abril de 2015, ficando entre a vida e a morte. Para recuperar mobilidade e autonomia, a jovem de 28 anos, de S. João da Pesqueira, que vive com duas balas alojadas na cabeça, faz terapias intensivas numa clínica particular, com custos avultados associados. Em abril, o JN acompanhou uma das sessões diárias de fisioterapia de Marta, e recordou a batalha da "menina milagre", como ficou conhecida por ter sobrevivido e ter conseguido reverter muitos dos danos causados pelos graves ferimentos sofridos. A fisioterapia diária custa 300 euros por semana, a que se somam os 80 euros semanais para a terapia da fala, e a sua família vive da agricultura...
vila franca de xira
Donativos para pagar rendas
A meta de três mil euros, estabelecida por Carina Soares, para angariar fundos para ajudar a pagar a caução e as rendas adiantadas de uma casa para onde se mudou com a família foi rapidamente ultrapassada, após a publicação de uma notícia no JN. Até ao momento em que o artigo foi publicado, a família de Vila Franca de Xira tinha conseguido 536 euros de donativos, angariados em seis dias. Poucas horas depois de sair no JN, o montante já tinha alcançado 8393 euros. Mãe de quatro menores, Carina fez uma campanha de angariação de fundos online para impedir que a sua família ficasse sem teto, por não ter condições de pagar um aumento de renda de 400 para 680 euros mensais, e para que os filhos lhe fossem retirados. No total, angariou 9823 euros.
Beja
Gonçalo com ajuda para tratamentos
O pequeno Gonçalo nasceu há quatro anos, com uma grave paralisia cerebral, e precisa de terapias intensivas para evoluir e ter mais qualidade de vida. Além dos tratamentos dispendiosos (830 euros mensais), que faz em Beja, onde mora, o menino também realiza ciclos intensivos numa clínica em Braga. São dois por ano, com um custo total de cerca de 16 mil euros. Ao todo, as despesas de deslocações e consultas, o valor dos tratamentos ascende a cerca de 25 mil euros por ano, um montante que, sem ajuda, a família não teria como atingir, já que conta apenas com os cerca de 800 euros do ordenado da mãe de Gonçalo. Em julho, o JN narrou a luta dos pais, que puderam contar com a solidariedade dos que ajudaram com donativos para a conta solidária do menino indicada na página de Facebook "O nosso Gonçalinho".
Proximidade
Do Norte ao Sul
A proximidade entre o JN e os leitores é evidenciada pela diversidade geográfica das notícias lembradas nestas páginas. Do Minho ao Alentejo, vamos ao encontro de quem precisa de ter voz, de partilhar sentimentos, denunciar injustiças. Estar ao lado dos leitores é e será sempre o nosso compromisso.
Saúde domina
A necessidade de cuidados de saúde condignos foi o tema que mais preocupou os nossos leitores e que domina esta escolha de casos que marcaram 2022, um ano dominado também pelo pesadelo da inflação, que aliviou à força muitas bolsas.