Há duas semanas, durante as primeiras cheias de Algés, Nuno Sobral, 45 anos, paraplégico, subiu escadas a braços para sobreviver, não sem antes salvar o seu cão. Agora, os amigos estão a mobilizar todos os meios para o ajudar a reconstruir a vida que esteve seriamente ameaçada naquela noite de pesadelo.
Corpo do artigo
Nuno Sobral ficou paraplégico há sete anos, na sequência de um grave acidente de mota. A 7 de dezembro, estava sozinho na sua casa em Algés, Oeiras, quando, em minutos, viu a água invadir-lhe a casa e destruir tudo o que tinha. Apesar das suas limitações, a sua primeira preocupação foi salvar o cão.
Depois teve de lutar pela sobrevivência, largando a cadeira de rodas no piso térreo e subindo, só pela força dos braços, até ao primeiro andar. Agora, os amigos estão a mobilizar todos os meios para o ajudar a reconstruir a vida que esteve seriamente ameaçada naquela noite de pesadelo.
Quando se vê a água a entrar em casa daquela maneira, não é nos prejuízos que se pensa, apenas em salvar a vida
"Quando se vê a água a entrar em casa daquela maneira, não é nos prejuízos que se pensa, apenas em salvar a vida", conta ao JN, como que explicando onde foi buscar forças para conseguir subir a escadaria interior da habitação para fugir à enxurrada.
Logo que percebeu que o quintal estava a ficar submerso, a sua preocupação foi soltar o Harley, o dog argentino, que é a sua companhia diária. "Era complicado de outra maneira, aquilo já estava tudo alagado, tive de o tirar de lá", recorda.
O ex-fuzileiro conta que, quando o pior cenário estava a desenhar-se, estava a filmar para mostrar à senhoria alguns aspetos a melhorar na casa. "Comecei a ver a água a entrar devagarinho, mas quando a abro, sou projetado para trás. Foi aí que decidi subir as escadas a braço", conta.
Estava tudo a flutuar, percebi que tinha perdido tudo
Valeram depois os bombeiros, a polícia e os amigos para o retirarem de casa. E logo que a chuva acalmou voltou ao local, confirmando o que temia: "Estava tudo a flutuar, percebi que tinha perdido tudo".
Atualmente a viver na casa da irmã, em São Domingos de Rana, Cascais, Nuno, que é pai de uma menina de 8 anos, está agora dependente das ajudas alheias, sobretudo dos amigos, que lançaram uma campanha de angariação de fundos . "O presidente Isaltino também prometeu ajudar. Eu dava tudo para voltar a ter o meu cantinho", desabafa.
Angariação de fundos
"As minhas mais-valias são a minha filha e os meus amigos", resume, deixando, ainda assim, uma mensagem de esperança na reconstrução da vida. "É o meu ADN de sobrevivência. Já quando foi do acidente, tive de recomeçar na vida", conclui, lembrando ainda que o seu passado de vida militar é "muito importante" na altura de manter o sangue-frio e reagir perante situações deste tipo.
Os amigos do ex-fuzileiro criaram uma conta no Go Fund Me (GoFundMe: https://gofund.me/cb048314), de forma a angariar fundos. "Ajudem-nos a ajudar o Nuno", apelam os administradores.
Também quem quiser ajudar diretamente pode enviar donativos para o IBAN: PT50007900004482667210140, ou segui-lo em instagram.com/nunoporao/.