PS promete gratuitidade das tarifas e restantes candidatos apontam para uma expansão da rede e horários, com custos reduzidos. Habitação a custos acessíveis e alojamento estudantil são outras preocupações da Direita à Esquerda.
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Desatar o Nó de Infias, reduzir o número de carros em circulação na cidade e abrandar o excesso de velocidade nas principais avenidas só será possível com uma aposta nos transportes públicos, conjugada com medidas de acalmia de tráfego e verdadeiras ciclovias. Esta foi a posição da maioria dos oito candidatos às eleições autárquicas para a Câmara de Braga, no debate promovido, sexta-feira, pelo JN, no Ateneu Comercial do Porto.
Ricardo Rio, atual presidente do Município e candidato pelo PSD/CDS-PP/PPM/Aliança, classificou de "irresponsável" a gratuitidade dos transportes públicos proposta pelo socialista Hugo Pires, mas prometeu uma "melhoria do serviço" e o alargamento do programa "school bus" a todas as escolas do concelho. Ou seja, o objetivo é que haja autocarros nas zonas periféricas da cidade que transportem os estudantes até aos estabelecimentos de ensino do centro, desincentivando o uso do carro por parte dos encarregados de educação.
A par disto, o social-democrata pretende avançar com parques de estacionamento suburbanos, que façam ligação aos transportes coletivos, medida que também faz parte do programa de Bárbara Barros, da CDU, do candidato do PAN, Rafael Pinto, e Teresa Mota, cabeça de lista do Livre.
À exceção da candidata do Chega, Eugénia Santos - que não se focou nos modos suaves, mas antes sugeriu uma circular externa de Braga, entre Cabreiros e o Fojo, e uma turbo-rotunda para retirar fluxo de trânsito no Nó de Infias e velocidade aos carros que circulam nas avenidas centrais -, todos sublinharam a necessidade de aumentar a rede dos autocarros, os horários e rever as tarifas. Alexandra Vieira, do BE, foi mais longe e apontou para a necessidade de coordenação com os transportes dos concelhos limítrofes, através da Comunidade Intermunicipal do Cávado, da qual Ricardo Rio é presidente. "Só 30% é trânsito de atravessamento. A maior parte dos automóveis que se dirigem à cidade é para ficar. São pessoas que moram nos arredores ou noutros concelhos e, por falta de transportes coletivos públicos articulados entre si, não têm outra alternativa senão utilizar o automóvel", defende a candidata da Esquerda.
Cidade inteligente
Olga Batista, da Iniciativa Liberal, acredita que também é preciso criar uma cidade inteligente, com "semáforos que informem sobre as vias com menos tráfego", exemplificou. Teresa Mota recusa mais vias de trânsito para solucionar o Nó de Infias. "Isso potencia o aumento de veículos", sublinhou, numa visão comum aos candidatos do PAN e do BE.
Sobre as linhas vermelhas que nas últimas semanas surgiram na cidade para marcar vias partilhadas entre automóveis e bicicletas, choveram críticas. A oposição a Ricardo Rio perguntou pelos "prometidos 75 quilómetros de ciclovias" e acusou a coligação de Direita de uma medida "eleitoralista". A maioria pede ciclovias segregadas, mas o atual presidente da Câmara respondeu que não adota soluções "por uma questão de moda".
Habitação preocupa
A habitação foi outra das preocupações levantadas pelos candidatos à Câmara de Braga. Bárbara Barros lembrou que a empresa municipal BragaHabit tem "400 famílias" em espera por uma casa, sugerindo a "requalificação de fogos devolutos".
Hugo Pires propôs, entre outras medidas, "uma via verde para alterar o uso de espaços de serviços comerciais para habitacionais". O BE falou na "triplicação da oferta pública", Teresa Mota é a favor de incentivos "à reconstrução", enquanto Olga Batista defende "mais construção". Rafael Pinto pede a aplicação da taxa turística para apoio à habitação jovem e lembrou a "falta de residências universitárias". Eugénia Santos quer habitação acessível.
Mais transparência sobre descargas nos rios
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A descarga poluente que contaminou, na quinta-feira, os peixes do rio Este aqueceu o debate dos candidatos à Câmara de Braga, com a cabeça de lista do Chega, Eugénia Santos, a considerar "ofensivo" o comunicado da Agere, que atribuiu a obstrução de uma conduta a um "ato criminoso", semelhante ao que ocorreu há quatro anos, em período eleitoral. Hugo Pires, do PS, também criticou as "suspeitas" lançadas pela empresa.
Já Rafael Pinto, do PAN, acusou o Município de "não facultar informação" sobre descargas. Teresa Mota, do Livre, concordou com "a falta de transparência" sobre os infratores e pediu o regresso dos guarda-rios. "Como é que uma conduta tem seis mil litros de lixo e só soubemos à conta do impacto ambiental?", questionou Olga Batista, da Iniciativa Liberal.
"A empresa que deveria tratar dos resíduos é a principal poluente", criticou ainda Bárbara Barros, da CDU, enquanto Alexandra Vieira, do BE, denunciou a apropriação das margens do Cávado por parte de privados.
Ricardo Rio reconheceu "falha na prestação de contas" sobre as descargas, mas insistiu que o episódio recente "foi sabotagem".