Candidatos às voltas na VCI com Pedro Duarte a acelerar críticas a Pizarro à boleia do Metrobus
O candidato do PSD, Pedro Duarte, acelerou nas críticas ao PS de Manuel Pizarro à boleia do Metrobus. Um projeto que é uma "anedota", na opinião do Chega, e que foi "imposto à cidade", segundo concordaram BE e CDU, durante o debate dos candidatos à Câmara Municipal do Porto.
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A candidatura de Pedro Duarte avançou com uma petição a pedir a suspensão da segunda fase do Metrobus, na parte mais a poente da avenida da Boavista. A obra arrancará hoje, segundo carta enviada pela Metro do Porto aos moradores, e aqueceu o debate entre os candidatos à Câmara do Porto, domingo à noite, na SIC. O indigitado do PSD disse que a missiva está "assinada pelo diretor de comunicação da empresa, que é o mesmo da candidatura de Pizarro", do PS, dizendo que a "a Metro do Porto é socialista e tem uma ação estritamente partidária".
Declarações que surpreendeu Manuel Pizarro, que retorquiu dizendo que ficava mal ao adversário social-democrata "criticar pessoas que estão a desempenhar uma profissão, que não são nomeadas". Pizarro aproveitou a boleia, para recordar que o Governo, do PSD "tem a tutela da Metro desde abril de 2024" e que mandato do Conselho de Administração acabou em 31 de dezembro do ano passado."Que Pedro Duarte não consiga ser respeitado pelo ex-colega de Governo das Infraestruturas é algo que consigo resolver", contra-atacou o candidato do PS.
Sobre o Metrobus em si, Pizarro disse "lamentar a forma como foi construído, mas estando concluída a primeira fase, não tem como não avançar, nem que seja preciso pôr mais um autocarro, para ter redundância" na rotunda da Boavista, onde não tem como dar a volta. "Não se podem deitar 80 milhões de euros fora", disse o candidato socialista. Miguel Corte-Real, do Chega, considerou o projeto "uma trapalhada total, uma anedota para qualquer portuense" e disse que o Governo tem a responsabilidade de garantir que aquele investimento vem para o Porto", defendendo em devolução do montante gasto, sem especificar como.
BE e CDU concordaram que "o projeto do Metrobus não foi explicado à cidade, que foi imposto", mas que estando concluído importa é que ande. Para a frente e sem ser em contra-mão. "Temos de ser sérios com os portuenses e os nossos impostos. Se é possível fazer alguma coisa na segunda fase para melhorar esse projeto, ótimo, senão construa-se na mesma", disse Sérgio Aires.
Habitação rendeu primeiras críticas
A habitação, que abriu o debate entre os candidatos à Câmara do Porto, emitido a partir dos estúdios da SIC, em Lisboa, já tinha motivado, também, algumas picardias. Manuel Pizarro disse que iria usar 50% da receita da Taxa Turística, acrescida de mais 20% do IMT, para encontrar os milhões de euros necessários para "uma resposta pelo lado da oferta" para o problema. A solução, encontrada com a construção civil, passa por edificar cerca de cinco mil casas com rendas moderadas, em que a autarquia paga 1350 euros de renda por um T3 ao promotor e cobra 700, por exemplo. "É um belo programa para as gerações futuras", disse o candidato socialista, entendendo que a casa é um investimento para 60 ou 70 anos, mais do dobro do tempo em que ficaria no privado.
Perante a desconfiança de Pedro Duarte da sustentabilidade financeira desta proposta, Pizarro recordou que tem "provas dadas" na gestão de recursos públicos, ao tempo em que se coligou com Rui Moreira, na autarquia, há 12 anos. O candidato social-democrata foi mais atrás no tempo e lembrou que o opositor do PS "esteve até ao fim com o Governo de Sócrates, que levou o país à bancarrota." Na volta da palavra, o socialista notou que "se nota que o PSD está em desespero quando fala de um Governo de há 15 anos."
Ao nível das propostas, Diana Ferreira, da CDU, abriu o debate na SIC, dizendo que "a habitação é um problema profundo na cidade do Porto, com uma dimensão dramática e que se arrasta há vários anos". Ecoando o "direito constitucional" a um teto, disse que "não será só a Câmara a resolver o problema, que alastra aos concelhos limítrofes", e apelou à responsabilização do Estado central, "para garantir universalidade deste direito", posto em causa por rendas de 900 euros para um T2.
Para o Chega, "o estado de emergência" da habitação "alargou a pessoas de várias classes sociais" e a solução passa por redefinir os critérios do programa "Porto Solidário" para "chegar a mais pessoas". Para o financiar, Miguel Corte-Real sugeriu usar 20% da taxa turística para reforçar um programa que "funcionar bem".
Sérgio Aires, do BE, disse que o mercado não está interessado em projetos como o proposto por Pizarro, diz que tem de haver intervenção pública e lembrou que a União Europeia definiu a questão como prioritária, por isso haverão fundos para investir. O objetivo é construir mais sete mil casas. "Pode parecer exagerado, mas não é", disse, acusando PS e PSD "de nada terem feito" para resolver a questão.
Reconhecendo "uma crise óbvia e evidente de acesso à habitação, pelos preços das casas", Pedro Duarte, do PSD, disse que o problema no Porto é "o número impressionante de mais de 20 mil casas vazias" e não quer mais construção, apostando no arrendamento e reabilitação. A Invicta já tem demasiada "densidade de edificação, de prédios, alcatrão, confusão, poluição, ruído" e precisa de espaços verdes, passeios mais largos e equipamentos culturais e desportivos. "O progresso não se faz com mais betão", disse o candidato social-democrata.
Perceções e (in)segurança
Uma visão de cidade que entronca parcialmente com a ideologia de Dia Ferreira, que defende "a ocupação dos espaços públicos" com cultura e associativismo como meio caminho andando para evitar inseguranças, que diz não estarem comprovada em números. Uma questão de perceção que, ainda assim, poderá ter uma resposta com "uma polícia de proximidade e visibilidade" e mais agentes da PSP e da Polícia Municipal, com a devida "valorização das carreiras".
À direita, Pedro Duarte e Miguel Corte-Real desvalorizam os números, que apontam para uma descida da criminalidade. O candidato do Chega alude com "fecho de esquadras, que torna mais difícil apresentar denúncias", e volta à Taxa Turística para encontrar dinheiro para contratar mais polícias, começando, antes, por colocar na rua os que fazem tarefas administrativas, atribuindo estas a funcionários municipais.
Pizarro disse que o Porto tem 216 Polícias Municipais e concordou que é preciso estarem mais na rua e menos em funções administrativas. Disse que tem "12 medidas no programa" e que é importante "aumentar a presença da PSP na noite" porque "há um problema de segurança porque as pessoas se sentem inseguras", defendendo "maior articulação entre PSP e polícia municipal".
Pedro Duarte prometeu "mão firme", considerando a segurança "uma prioridade absoluta", propondo "um recrutamento especial de mais 100 polícias municipais", que segundo Corte-Real estão prometidos há cidade há três anos. "Há equipamento comprado e tudo", disse Sérgio Aires, do BE. "Não há polícias, porque não querem trabalhar com aqueles salários e condições. É um trabalho precário", disse o candidato independente pelos bloquistas.
Crime rodoviário
Sérgio Aires diz que "a perceção de insegurança tem sido criada para criar um alarme" e considerou que "o grande crime na cidade" é o rodoviário. Assunto que juntou candidatos à volta do fim das portagens na VCI para retirar trânsito, principalmente camiões, desta via. Miguel Corte-Real sugeriu que mudar o Mercado Abastecedor para Gondomar "retiraria milhares de camiões da VCI", ideia que Pizarro considerou "excelente" e disse querer aproveitar se for eleito. O candidato do BE, que disse morar perto do Mercado Abastecedor, riu-se da proposta e fez o jogo das perceções. "Creio que nem 1% dos camiões que passam na VCI vão para o mercado", disse.
Além do fim da portagens na CREP, para libertar a VCI de camiões, a CDU quer regular a circulação de TVDE's em certas zonas da cidade a determinadas horas, lembrando que ninguém sabe quantos são e que concorrem com os táxis, atividade altamente regulada. Diana Ferreira disse que "a mobilidade é um problema estrutural do Porto", que precisa de uma "rede articulada dos diferentes meios: metro, ferrovia, reforço dos autocarros, mais frequência, vias dedicas de bus", acrescentou.
De uma forma geral, todos os candidatos sublinharam a importância de ter mais transportes públicos, com mais frequência, melhores horários e mais conforto. Pizarro quer gratuitidade até aos 24 anos e depois dos 65, enquanto Pedro Duarte defende transportes públicos gratuitos para todos. "Uma medida que custaria 25 milhões de euros, em quatro anos, paga com a taxa turística", disse o candidato do PSD. Sustentando que o Governo anterior, o primeiro de Luís Montenegro aprovou o fim das portagens na CREP, o candiato social-democrata disse que só não avançou por falta de vontade dos autarcas da Área Metropolita do Porto e disse ao socialista para perguntar à presidente da AMP, Luísa Salgueiro, eleita pela PS em Matosinhos.