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A praia foi sempre local para dar uns toques. Sem rede e em roda, com um olho na bola e o outro no adversário, aposta-se na modalidade rainha de Espinho e que fez da cidade capital do voleibol. Mas a praia não chega como espaço físico. O inverno é impiedoso e a areia encolhe, boicotando o treino constante. Com o pavilhão do Sporting Clube de Espinho derrubado pelo temporal e o da Associação Académica a estourar, a reclamação de pavilhões ganha força. A Câmara de Espinho garante que não será por falta de teto que o vólei ficará em causa.
João Brenha e Miguel Maia - heróis na comunidade por serem campeões no pavilhão e na praia - são duas vozes no apelo para que a Câmara avance para uma solução. Defendem que no complexo de ténis deve haver espaços para voleibol de praia. "A aposta deve ser um centro de alto rendimento, onde se treine todo o ano. O vólei de praia deve ser uma prioridade", diz João Brenha, 43 anos, hoje afastado das competições e virado para o ensino.
Miguel Maia, que aos 42 anos continua a ser distribuidor do Sporting de Espinho, alerta para o facto do clube estar à beira da falência e da Associação Académica ter poucos recursos financeiros, dois cenários que podem pôr em risco a captação de jovens para a modalidade. Mas nenhum admite o fim do vólei em Espinho. "Isso seria o mesmo que pensar que o mar pode desaparecer. Há que criar estruturas", diz Brenha.
Na Nave Desportiva, durante pelo menos três dias por semana e em troca de 200 euros por época, há sangue novo a treinar no espaço cedido aos "tigres". É a "formação"que Mário João, responsável, não quer perder: cerca de 170 jovens atletas distribuídos por vários escalões, mas o dirigente gostaria que fossem mais. "A falta de instalações é um travão", afirma. "Isso é uma falsa questão", contrapõe o presidente da Autarquia, Pinto Moreira, lembrando que tanto a nave como o pavilhão de Anta têm acolhido todos os escalões do Espinho que, reconhece, está a passar por "um momento muito difícil".
Quanto à proposta avançada pela dupla Brenha e Maia, Pinto Moreira frisa que o complexo de ténis está concessionado por 20 anos, mas reconhece que a "ideia não é antipática". "Tudo passa por se falar com quem gere os espaços e chegar a um entendimento, para que ali se possa treinar o vólei de praia", salienta, considerando que a modalidade é a marca de Espinho. E mais uma prova disso está quase a acontecer: nos próximos dia 1 e 7 de julho, um torneio realizado pela Academia Maia Brenha vai juntar, na Nave Desportiva, 100 equipas. v
"Fui com nove anos para a Associação Académica. Aos 11, para o Sporting de Espinho. Nessa altura, queria ser profissional, como o Brenha e o Maia. Hoje sou mais realista".
José Pedro Soares
19 anos
"O meu pai, Carlos Lacerda, está ligado ao voleibol. Aos seis anos, experimentei e gostei. Estou nos juniores do Sporting de Espinho. Somos uma família que quer ser campeã".
Catarina Lacerda
17 anos
"Foi um amigo que me trouxe a um treino. Ninguém na minha família está ligado ao vólei. Sou iniciada e gosto muito da modalidade, que me ocupa três dias por semana".
Cristiana Correia
14 anos
"Fui com o meu pai ver um treino do Espinho. Tinha três anos. Gostei. O desporto do meu pai é o futsal, mas ele gosta que eu jogue vólei. E cá estou nos iniciados".
Diogo Correia
13 anos