Peregrinação não acontecia há três anos, devido à pandemia e às obras na estância religiosa.
Corpo do artigo
É sempre especial o Bom Jesus vir cá fora e abençoar a cidade". Depois de subir os 573 degraus do escadório, Rosa Dias esperava, ansiosamente, por voltar a ver a imagem do Bom Jesus, em Braga, a atravessar as portas da igreja. Há três anos que a peregrinação não acontecia, devido às obras na estância e à pandemia da covid-19. Este domingo à tarde, ao lado de Rosa Dias, estavam centenas de fiéis que aproveitaram o momento para pedir saúde e paz na Ucrânia.
"Estava com saudades desta peregrinação. É a devoção que nos traz cá", afirma Sameiro Melo, que não só subiu o escadório, como acompanhou o cortejo que saiu da Igreja de Santa Cruz, no centro da cidade, até ao topo do Bom Jesus. A confraria apelou a que se rezasse pela Ucrânia, mas a bracarense "pediu paz para todo o Mundo".
Benvinda Nogueira, sentada à porta do templo, levou até uma bandeira azul e amarela para mostrar solidariedade com o povo ucraniano. Mas diz que subir ao Bom Jesus é também "um alívio para a alma".
Reitor surpreendido
"É um templo arrepiante. Mesmo quem não tem fé sente algo diferente", acrescenta Rosa Dias, já perto do coreto onde o cónego João Paulo Alves presidiu a cerimónia.
O também reitor do santuário confessa que "não esperava a multidão" que se juntou no templo. "As pessoas aderiram em força e vieram sempre a cantar e a rezar", regozijou-se, já depois de estender também uma bandeira da Ucrânia na mesa das celebrações.
"Isto ajuda a reforçar a dimensão religiosa do Bom Jesus que, às vezes, é esquecida ou delegada para outro plano. Queremos reforçar esta identidade cristã", admitiu o vice-presidente da confraria, Varico Pereira, sublinhando que "peregrinar pela paz é também uma forma de pedir que a guerra termine de uma vez por todas".