A Câmara de Alfândega da Fé quer qualificar a cereja para distinguir a autenticidade do produto do concelho através da denominação de origem, e assim criar a marca própria "Terras de Alfândega". Esta é uma das culturas mais representativas e a autarquia quer "a cereja local nas bocas de toda a gente". Vai apostar na valorização do fruto e na promoção.
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Uma das medidas que o município quer desenvolver para dinamizar a cultura da cereja no concelho passa pela criação de uma Confraria da Cereja e a instituição de uma rede internacional entre regiões e países produtores para trocar experiências sobre as melhores práticas de produção e de comercialização. "Para afirmar as marcas e as características próprias de cada região, para aprender em conjunto", explicou Berta Nunes, presidente da Câmara de Alfândega da Fé. A qualificação do fruto permitirá definir as suas características e diferenças em relação às de outras regiões. Num primeiro momento, faz-se a caracterização dos pequenos produtores, para saber como vendem e que tipo de ajuda necessitam para melhorar a produção.
A curto prazo, já durante a Festa da Cereja, que decorre entre 10 a 13 de Junho, vai ser constituído um painel de provadores de cereja, que visa criar um Bilhete de Identidade do fruto e, assim, eleger "a cerejinha de ouro". Esta é uma forma de incentivar a cultura, de distinguir a autenticidade do produto e de conseguir a tipificação. A autarquia quer a cereja "na boca de toda a gente", frisou a autarca.
Para executar esse projecto é imperioso aumentar a área de cultivo. Alfândega da Fé chegou a possuir os maiores cerejais da Península ibérica nos anos 80, com perto de 300 hectares, mas na última década a cultura foi perdendo terreno. Actualmente, existem cerca de 150 hectares de cerejeiras, 60 hectares são da Cooperativa Agrícola de Alfândega da Fé. Há condições para aumentar a produção e para melhorar a qualidade. Os cerejais da cooperativa são ainda jovens, foram replantados, mas quando começarem a produzir em pleno a safra pode duplicar. "Em dois ou três anos, poderemos estar a produzir entre 100 a 150 toneladas de cereja", explicou Eduardo Tavares, presidente da cooperativa. Aquele responsável considera que o concelho perdeu identidade face a outras regiões do país. "Há que recuperar o tempo perdido", disse.
Este ano não é um bom ano de cereja, prevendo-se quebras de rentabilidade para metade devido à chuva, frio e geadas tardias.
A maioria da cereja é vendida em fresco para o mercado abastecedor, mas a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Alfândega da Fé (EDEIAF) está a apostar na valorização do fruto, fazendo o aproveitamento total e não desperdiçando nada, desde o caroço ao pé.
A introdução deste fruto na gastronomia está, ainda, a dar os primeiros passos.