Cozinheiros de todo o país abastecem-se na feira que começa esta quinta-feira e termina no domingo.
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Marco Gomes, chef de cozinha do restaurante Oficina, no Porto, já tem casa cheia para o cozido à barrosã que vai preparar no primeiro fim de semana de fevereiro. O fumeiro e as carnes foram encomendados a um produtor de Montalegre, onde, de hoje até domingo, deverão ser vendidas 60 toneladas de derivados dd porco na feira organizada pela Câmara.
Mas Marco, tal como mais umas dezenas de chefs de todo o país que vão encontrar-se lá no domingo, não regressará de Montalegre apenas com carnes. Haverá espaço na bagageira para batatas, couves e, até, água recolhida em fontes naturais e de qualidade comprovada. "Já fizemos testes. Partimos uma cabeça de porco ao meio. Metade a cozer numa panela com água de Montalegre e a outra metade noutra com água do Porto. A primeira não ficou tão lamacenta e a textura da carne era muito melhor", confessa Marco Gomes.
O chef do Oficina comprou fumeiro a Rosa Moura, que vive em Medeiros, Montalegre, e abateu 30 porcos só para a feira de hoje. "São todos os que nascem na exploração". É como os 14 que nasceram na semana passada e já têm o destino traçado: dar chouriços, salpicões e presuntos para vender na feira de 2021.
Cozinhas repletas
As cozinhas de secagem dos derivados do porco estão repletas. O marido de Rosa, Boaventura Moura, regalado com tanta fartura. A "boa carne" fez-se de "boas produções" que não se conseguem vender. "Hortaliças, abóboras, batatas e muito mais... eu costumo dizer que muita gente gostava de se dar ao luxo de comer com tanta qualidade". Rosa até já disse para a filha a viver em Inglaterra: "A maior pena que tenho é que andes a comer porcaria e tenha de dar estes produtos biológicos aos porcos".
A 29.ª Feira do Fumeiro de Montalegre é inaugurada hoje, pelo secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, Jorge Botelho. Cerca de 100 produtores vão vender 60 toneladas de fumeiro, bem como pão, bolos, folares, mel, compotas e licores.
O Núcleo de Investigação do Instituto Superior de Administração e Gestão vai voltar a registar volume de negócios na feira, que em 2019 foi de 3,1 milhões de euros. O impacto económico do certame ascendeu a 5,7 milhões de euros, quando incluídos alojamento, deslocações, compras e atividades complementares.
O cliente só se engana uma vez, por isso não se pode facilitar
A Associação de Produtores de Fumeiro da Terra Fria Barrosã trabalha o ano inteiro para "criar uma montra de extrema qualidade" na Feira do Fumeiro de Montalegre. O coordenador técnico, Fernando Pereira, frisa que o setor tem "uma grande importância económica e social" e como "o cliente só se engana uma vez, não se pode facilitar" ao nível qualitativo. A boa fama de que goza o fumeiro e o presunto de Montalegre "não se constrói do nada", pelo que a associação procura que a "alimentação dos animais seja feita com produtos naturais" e que o abate ocorra por volta de um ano de vida".
Preços
Salpicão - 30 euros/quilo
É considerado o produto nobre do porco e, por isso, o mais caro. O quilo custa 30 euros, enquanto a cabeça, a 7,5 euros o quilo, é o mais barato.
Presunto bísaro - 25 euros/quilo
O quilo do presunto bísaro certificado desossado custa 25 euros durante a feira. Se for comprado inteiro, o preço baixa para 20 euros por quilo.
Presunto - 17 euros/quilo
O quilo do presunto com dois anos de cura, vendido inteiro, custa 17 euros. Se tiver um ano, fica em 14 euros (inteiro) e 21 (desossado).
Chouriça - 21 euros/quilo
A chouriça de carne importa em 21 euros por quilo. A alheira fica a 13. Chouriço de abóbora, sangueira, ceboleira e bucheira a 10 euros.
Pá - 10 euros/quilo
O quilo da pá de porco fica a 10 euros. A barriga, a orelheira, a queixada, o peito e os pés custam 8,5 euros por quilo durante a feira.